sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Surrealismo ou extravagantismo? Salvador Dali


É inegável que foi um artista incomparável. Apesar de poder contar pelos dedos o número de obras dele que me chamam a atenção pela beleza artística, mentiria se dissesse que Dali não foi um grande pintor. Não sou uma verdadeira apreciadora da sua arte e nem gosto muito da harmonia que tentava conceder às formas extravagantes que colocava na tela. No entanto, o pintor e escultor catalão mostra um domínio do pigmento e do pincel inigualável e a maneira como foi capaz de repartir a forma, concedendo-lhe uma nova visão, deve-se à espantosa capacidade imaginativa e reconstrutiva que possuía.

Falei, noutros posts, da humildade de Gaudí e da capacidade de trabalhar de forma oculta de Morandi e de Picasso. Relativamente a Dali, os mesmos elogios não poderei fazer. 

Dali vivia para ser conhecido, trabalhava para que ninguém se esquecesse do seu nome e a sua célebre frase: "A única coisa que me interessa é que falem de mim" é comprovativa disso. Este pintor apenas se importava em ter glória e ser aplaudido. Quando lhe perguntaram, certa vez, como se considerava, a sua resposta foi: "Tal como sou. O maior génio deste século".

Costumo dizer que quem é bom não precisa de o mostrar. Quem tem uma dada qualidade não tem necessidade de a apregoar, uma vez que ela falará por si só. E Dali não teria, certamente, qualquer necessidade em afirmar "o surrealismo sou eu" nem em considerar-se o maior génio porque, a meu ver, ainda que tivesse sido capaz de manter-se no silêncio, a sua boa obra artística apresentar-se-ia a si própria e Dali teria chegado a nós, de qualquer forma O seu surrealismo teria sido transmitido, do mesmo modo, de geração em geração e eu poderia, hoje, estar a exaltar a sua humildade.


Enfim, é só a minha opinião. E como qualquer opinião, vale o que vale!










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