sábado, 17 de dezembro de 2016

Estar apaixonado


Sabemos que G. K. Chesterton converteu-se a fé católica e é um grande intelectual de obras literárias de qualidade admiráveis. Seu grande senso de humor faz com que o leitor, sinta-se ainda mais enriquecido intelectualmente, e se divirtam muito com seus textos.
Esta característica também está presente nas cartas privadas que ele enviava. Por exemplo, logo depois de pedir sua amada Frances em casamento, decidiu escrever a Mildred (esposa de seu amigo Waldo) contando-lhe a grande notícia de seu noivado.
Este foi o resultado:
“Querida Mildred:
Quando me levantei esta manhã, lavei cuidadosamente minhas botas com água e engraxei meu rosto. Então, vestindo o casaco com graciosa facilidade com os botões virados para as costas, eu desci para o café da manhã e alegremente coloquei café nas sardinhas e levei meu chapéu ao fogo para fritar. Estas atividades irão dar-lhe uma idéia de como eu estou. A minha família, vendo-me sair de casa através da chaminé e colocar a grelha da lareira debaixo do braço, pensaram que alguma coisa preocupava meu espírito. E era verdade.
Minha querida amiga, estou apaixonado”.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Marca n'Agenda | Porque há vida depois da morte



D. Javier Echevarria: Surf, só à terça-feira!

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a carta de um filho espiritual ao seu Padre
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Para Deus não há acasos e, por isso, foi providencial que o prelado do Opus Dei, D. Xavier Echevarria, falecesse ontem, dia de Nossa Senhora de Guadalupe, aos 84 anos, em Roma.

São Josemaria Escrivá de Balaguer, fundador do Opus Dei, era muito devoto da Santíssima Trindade, as três pessoas que há no único Deus – Pai, Filho e Espírito Santo – mas também de uma outra muito santa trindade, formada pela Sagrada Família de Nazaré: Jesus, o próprio Filho de Deus encarnado, sua mãe Maria e o seu marido, José.

São Josemaria, de certo modo, também veio a constituir, com os seus dois imediatos sucessores, uma certa ‘trindade’ mas, como é óbvio, sem qualquer pretensão a qualquer analogia com as referidas trindades! Com efeito, mais não era do que um trio, ou uma tróica, composta por S. Josemaria, por D. Álvaro del Portillo, que viria a ser o primeiro prelado do Opus Dei, e por D. Xavier Echevarria, nessa altura mero sacerdote e secretário do fundador: ambos, com efeito, costumavam acompanhá-lo sempre. Depois da morte de Escrivá e da eleição do seu sucessor, em 1975, Echevarria passou a ser secretário-geral do Opus Dei e, em 1982, vigário-geral da prelatura, até à sua própria eleição e nomeação como prelado, após o súbito falecimento, em 1994, de D. Álvaro del Portillo, entretanto beatificado pelo Papa Francisco. Foi ainda o Papa São João Paulo II quem, em 1995, elevou D. Xavier ao episcopado, como tinha feito já com o seu antecessor, por ser canonicamente congruente com o seu múnus prelatício.

Para Deus não há acasos e, por isso, foi providencial que D. Xavier Echevarria, de 84 anos, viesse a falecer no dia em que liturgicamente se celebra a festa de Nossa Senhora de Guadalupe. São Josemaria, em 1970, durante uma viagem pastoral ao México, ao contemplar um quadro da aparição de Maria ao índio Juan Diego, comentou: “Assim quereria eu morrer: olhando para Nossa Senhora e que ela me desse uma flor”. Depois de um breve momento de silenciosa oração, concluiu: “Sim, gostaria de morrer diante deste quadro, com Nossa Senhora a dar-me uma rosa”. E assim morreu, de facto, no dia 26 de Junho de 1975, em Roma, pelo meio-dia, hora particularmente mariana: ao entrar no seu quarto de trabalho, olhou para a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe e caiu, fulminado, ao chão, para expirar pouco depois.

Chamados a Roma os eleitores, em representação de todos os fiéis do Opus Dei, votaram unanimemente naquele que tinha sido o mais directo colaborador do santo fundador. Álvaro del Portillo tinha também participado intensamente nos trabalhos do Concílio Vaticano II, nomeadamente como secretário da comissão que redigiu o decreto relativo à missão e vida sacerdotal. Como sucessor de Escrivá, coube-lhe a difícil missão de levar a bom termo o processo de reconhecimento canónico do Opus Dei como prelatura pessoal, solução jurídica já prevista e desejada por Escrivá mas que só com Portillo foi possível implementar. Sob o seu impulso e com a bênção de S. João Paulo II, fundou a Universidade Pontifícia da Santa Cruz, na cidade eterna, e promoveu o trabalho pastoral e social do Opus Dei em muitos países.

Poucas horas depois da sua chegada a Roma, de regresso de uma breve viagem à Terra Santa, D. Álvaro del Portillo faleceu no dia 23 de Março de 1994. São João Paulo II, de quem era muito amigo, fez questão de ir pessoalmente, nesse mesmo dia, à cúria prelatícia, para rezar diante dos seus restos mortais. Por segunda vez na história desta obra de Deus, foi despoletado o processo eleitoral previsto no direito próprio da prelatura, de que resultou a eleição do então vigário-geral, Mons. Xavier Echevarria. São João Paulo II confirmou a eleição nomeando-o, no próprio dia 20 de Abril de 1994, prelado do Opus Dei e ordenando-o, pouco depois, bispo.

D. Xavier Echevarria, não obstante o apelido basco, era madrileno, mas viveu praticamente toda a sua vida em Roma, com S. Josemaria Escrivá e o Beato Álvaro del Portillo. Era proverbial a sua boa disposição, a sua humildade e a sua simplicidade: raramente, mesmo já sendo prelado e bispo, trajava de outra forma que não fosse uma simples batina preta, como qualquer padre, sem outro distintivo do que a cruz peitoral e um muito discreto e simples anel episcopal. Era tratado por padre por todos os fiéis da prelatura, dispensando outras fórmulas mais cerimoniosas mas menos familiares. Numa ocasião em que padeceu uma grave insuficiência cardíaca, disse a D. Álvaro que era chegada a hora de o substituir, como vigário-geral, por alguém mais válido, numa atitude de grande desprendimento e humildade.

Numa das suas últimas vindas a Portugal, tive ocasião de jantar com ele e, depois, participar numa muito amena reunião familiar. Sabendo do seu bom humor, enquanto lhe oferecia uma pagela com uma oração que compus para os surfistas, perguntei-lhe se praticava esse desporto, tão popular entre os jovens. Já octogenário, riu-se do meu atrevimento, ao mesmo tempo que me respondeu: Surf, só à terça-feira!

Já neste ano recebi uma sua carta pessoal, muito carinhosa, a propósito de uma minha doença e consequente internamento hospitalar. Sempre que morria algum dos mais velhos fiéis da prelatura, fazia também questão de escrever uma carta para as pessoas da Obra nesse país, consolando-as no seu luto. Todos os meses, também neste último do ano que foi também o último da sua vida, mandava uma carta-circular, não só para as pessoas do Opus Dei mas também para os cooperadores e amigos, em que nunca faltava alguma citação do magistério recente do Santo Padre, nem o pedido de orações pelo Papa Francisco, por toda a Igreja, pela Obra e, em especial, pelos mais necessitados.

Os primeiros cristãos chamavam dia de natal à data da morte, porque é o momento do nascimento para a vida eterna. Muito embora, humanamente, esta hora seja de tristeza e saudade, espiritualmente é de grande felicidade, na filial esperança de que aquela tão humana, feliz e santa ‘trindade’ – S. Josemaria, o Beato Álvaro e D. Xavier – já se tenha reencontrado junto da trindade da terra – Jesus, Maria e José – e da Santíssima Trindade. Laus Deo!

Padre Gonçalo Portocarerro, Observador 




terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A Letter on Vulnerability and Fear of Love

Dear friend,


You have told me a great deal. I am sorry for your pain and I hope you can turn that suffering into something beautiful, for you and I both know how much goodness can come from one’s pain.

I understand your fear of being vulnerable again; of giving someone the power to hurt you again. You should not be afraid of letting someone love you. Yes, there will be pain, for love and pain go hand in hand, and the people that you love the most are the people that will hurt you the most, as well as the people that love you the most are the people you will hurt the most.

“There is no safe investment. To love at all is to be vulnerable. Love anything and your heart will be wrung and possibly broken. If you want to make sure of keeping it intact you must give it to no one, not even an animal. Wrap it carefully round with hobbies and little luxuries; avoid all entanglements. Lock it up safe in the casket or coffin of your selfishness. But in that casket, safe, dark, motionless, airless, it will change. It will not be broken; it will become unbreakable, impenetrable, irredeemable. To love is to be vulnerable.” CS Lewis

You say he is very special, that he is kind and generous, with a forgiving heart and a great desire to love. My friend, if any man deserves a chance to love you, that man seems to be him. Open your heart to him, put down those walls you’ve built around your heart. Love has hurt you once and love will heal you again.

You ask me what happens if he hurts you too. My answer to you is: he will hurt you, no doubt about that. The question you should be asking is: Is he worthy of your suffering?

You tell me you love him but you can’t trust him. Make no mistake my dear. “Love is not love until it's vulnerable” (Theodore Roethke). You may like him very much, but until you dismantle those barriers, you are closing your door to love. What is worse, you are denying someone the love he deserves. You were made to be a gift of yourself to others. I think the only way to get over your past wounds is by becoming a gift to him, instead of focusing on your pain, try to focus on his well-being. Do not spend much time thinking about yourself, for love is self-giving, not self-seeking.

Finally, it seems that God has put that person into your life right now. I will leave you these words of Saint John Paul II for you to meditate on:

“God wants to give another person to you” means that God wants to entrust that other person to you. And to entrust means that God believes in you, trusts that you are capable of receiving the gift, that you are capable of embracing it with your heart, that you have the capacity to respond to it with a gift of yourself.

Know of my prayers for you.
Your faithful friend,


A.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Nada de novo no "mundo dos artistas"


 "(...) E, de acordo com o que Bernardo Bertolucci admitiu numa entrevista em 2013, não estava no guião. Aliás, a forma como a cena desenrolou não foi consentida por Maria Schneider — atriz que viria a entrar numa profunda depressão depois do filme e morreu de cancro em 2011. O realizador de “O último Tango em Paris” afirmou que queria que a atriz “sentisse a humilhação e a raiva”, em vez de a representar. (...) Na mesma entrevista, a atriz afirmou que “se sentiu humilhada e um bocado violada” por Marlon Brando e por Bertolucci. “Depois da cena, o Marlon não me veio consolar ou pedir desculpa. Felizmente, foi só um ato”, disse. Depois de O Último Tango em Paris, a atriz francesa nunca mais apareceu nua em nenhum dos filmes em que entrou. (...)"