terça-feira, 20 de novembro de 2012

      
O que será do homem? Qual será o seu futuro?

     Com o avanço da tecnologia e coma  busca incessante por corpos perfeitos, capazes de criar desejo e sensualidade, o homem tem vindo a fazer do seu corpo um objecto de arte e de transformação constante.
Será que pretendemos um corpo-máquina sofisticado e "super-perfeito"? Melhor, será esse corpo capaz de superar o nosso corpo biológico?

     Este fenómeno já é arcaico, não é algo característico do contemporâneo. De facto, já desde o Egipto Antigo que se assiste a um acontecimento cultural de pintura sobre o corpo e da busca da perfeição corporal, estipulada ou perfilada pela sociedade. O que muda é, então, a evolução feita à tecnologia, a forma como vai sendo feita a transformação. Hoje em dia conhecemos diferentes maneiras de alterar e marcar o corpo: com fogo, penetrações (piercings e tatoos), dietas exageradas, cirurgias, etc. Vamos banalizando o corpo e tornando-o produto da indústria, através de uma exposição nata da pessoa, coisificando-a, sem atentar à pessoa que está por detrás de tal imagem.

     Penso que uma tatuagem ou um piercing não ficam mal; eu, pessoalmente, gosto de certas tatuagens e um ou  outro piercing não me chocam. O problema é quando de uma tatuagem passamos a dez ou vinte e de um piercing passamos a encher todo o corpo. Não será isto patológico? Não será isto uma valorização excessiva do corpo? Uma banalização?

     E quanto ao corpo exposto nas ruas de Lisboa?
    
    É inegável que, nos dias que correm, qualquer anúncio de publicidade (seja de carros, telemóveis, óculos, sapatos) apresenta a imagem de um corpo (geralmente nu, geralmente feminino), de forma a captar a atenção do comprador. Corpo este que tem de passar pelas regras de um perfil de dimensões exactas. E, quando tal não acontece, há hipótese de alterá-lo através do computador, tratando as fotografias em programas que o tornam mais magro, bronzeado, sensual. 
  Como escreveu uma vez a Teresa HU, sempre considerei este género de reclames totalmente virados para os homens, únicos que verdadeiramente cedem perante corpos despidos de mulheres em lingerie. Ora, se o objectivo passa pela compra por parte das mulheres, o que me parece óbvio, penso que não é com incentivos aos homens que os vão conseguir. Considero totalmente degradante a imagem que fazem passar da mulher, que está nas ruas e placards como puro objecto sexual. Considero, ainda, uma vergonha que, quem não pretende passar o dia a ver mulheres nuas, tenha de andar a desviar a cabeça para não olhar para os anúncios.

     Porque é que as pessoas se sujeitam a tanto? Qual é o preço a pagar por se sentir desejado? É que, se atentarmos bem para estes fenómenos, esta tecnologia de difusão constante, está fortemente enraizada na globalização, sendo que não traz felicidade a ninguém. Pode trazer prazer, sim. Mas um prazer imediato, espontâneo, que não aponta para a verdadeira felicidade, na medida em que não está adequada ao homem e ao tempo da pessoa e do sítio em questão.

     Seremos nós capazes de nos adaptar aos novos tempos? Porque não usamos a tecnologia com tudo de bom que tem para nos oferecer? A tecnologia é algo de bom e que deve ser usado mas não quando nos usa a nós e nos rouba a integridade. Será que alguma vez nos sentiremos satisfeitos? O que é certo é que o ser humano não se contenta, vai remexendo, aumentando o peito e os lábios, diminuindo o nariz, marcando o pescoço com uma frase bonita e o sobrolho com dois parafusos... Mais, as mulheres que tatuam estrelas do mar, por exemplo, na barriga, não têm a noção de que, ao engordar (com a gravidez, a título de exemplo), as perninhas da estrela ficarão cada uma na sua ponta diferente da barriga, é que a pele não fica exactamente como estava antes. Porque não nos contentamos com a beleza do corpo natural?

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