quarta-feira, 21 de novembro de 2012







Não é o corpo a nossa maior forma de expressão?

Reparemos: quando estamos cansados, fechamos os olhos; quando estamos tristes choramos; uma boa notícia, rimos. Estamos desconfiados? Franzimos o sobrolho. Quando amamos alguém, beijamos. Quando algo nos irrita, ficamos petrificados, de expressões tesas, cara muito presa, mãos contraídas.

E o olhar? Haverá algum mistério humano maior que o olhar? No fundo, o olhar expressa o que as palavras não conseguem transmitir. Mesmo quando queremos dizer algo que não é verdadeiro, lá vem o olhar e, rapidamente, somos denunciados.
           
         Correntemente, ouvimos dizer que os olhos são o espelho da alma. Porque reflectem o que sentimos, o que queremos, o que desejamos. Os olhos são a forma mais directa de contactarmos com alguém, pois estão imensamente cheios de energias, de vida, de alma, de sentimento. Quando estamos felizes, brilham, resplandecem de luz. De felicidade. Se estivermos em baixo, vemo-nos com olhos escuros, caídos. Já os mortos... esses têm os olhos opacos, sem vida, de porcelana.

           Os olhos conseguem reflectir, também, a nossa auto-estima. Realmente, se estamos seguros de nós, olhamos nos olhos, directamente. Quando somos inseguros, ansiosos, desviamos constantemente o olhar, com medo que nos interpretem e nos roubem as memórias e pensamentos mais íntimos do nosso ser.

         Mas, vejamos bem, não é esta uma beleza infinita? Um tesouro? Um dom? Poder comunicar sem ter de usar uma única palavra.
      
       Aconteceu-me há dias; uma amiga perdeu uma pessoa muito importante na sua vida. Bastou-me chegar perto dela para perceber a dor que carregava no peito e as lágrimas que lhe lavavam a alma. Quanto a mim? Uma festa com a mão na sua cara, um abraço apertado, um olhar de cumplicidade e ela soube-o: estávamos juntas e eu rezava por ela.

Sem comentários: