Noites de véspera de feriado. Noites de fim-de-semana. Noites durante a semana, que davam a ideia de estar a fechar a semana e os bilhetes tinham a vantagem de ser mais baratos. Sempre. 'Sempre' era uma boa desculpa para ver um filme. Com o tempo, começavam a perder a qualidade. Filmes vazios de conteúdo, de pessoas, de vidas. Vazios de filme. Haviam os rituais típicos quando os filmes eram vistos na sala de cinema - fechar os olhos no momento imediatamente antes das luzes apagarem e voltar a abrir quando estas já estivessem desligadas, ia começar o filme -, em sua casa - lareira, mantas e uma vela acesa no inverno, café com leite gelado no verão -, ou em casa de amigos - controlo heróico para não contar o fim do filme, se já o soubesse, e para não fazer perguntas, se outros o soubessem. Pipocas s.e.m.p.r.e substituídas por gomas ou m&m's. Ou um mix de doces e salgadas, também resultava. Sozinha ou bem acompanhada.
Hoje fui ver "A Advogada". Correu bem - o género de filme é parecido com o clássico "Erin Brockovich", mas temos desta vez uma Hillary Swank em vez de uma Julia Roberts. É um filme muito físico, no sentido em que o realizador foca, em várias passagens, partes que permitem o relacionamento humano - a boca, as mãos, os olhos, as brincadeiras de miúdos. A história é intensa, mostrando até que ponto dois irmãos estão dispostos a dar a vida um pelo outro, sem desistências. Algumas coisas do filme dispensavam-se mas hoje em dia anda fraca a presunção de pensar que vou ver um filme e vai ser bom de uma ponta à outra.
Ficou-me na cabeça a luta da protagonista principal, Betty Anne Waters, por não cometer os mesmos erros que viu a sua mãe fazer ao longo da vida, no que respeita ao conceito de família: 9 filhos de 7 maridos diferentes. Saí de lá a pensar em algumas coisas, o que hoje em dia é cada vez mais raro depois de um filme comercial.
Sem comentários:
Enviar um comentário