Conhecíamos a família das “1.300
bolachas por mês” pelas notícias da imprensa mundial – e para nós só isso bastava
para os chamarmos de heróis.
Rosa Pich e Josemaria (Chema)
Postigo, casal de Barcelona, 18 filhos, muitos deles nascidos com uma cardiopatia
congénita, 2 tinham morrido pequenos, no espaço de 4 meses, e a filha mais
velha morreu inesperadamente em 2012, com 22 anos, na sequência de uma
intervenção médica de rotina.
No Verão passado tivemos o privilégio
de fazer umas férias formativas com famílias de vários países, e a Rosa e o
Chema foram os nossos anfitriões – e vizinhos do lado. Já tinha passado uns
dias, em pequena, naquele mesmo lugar, e tinha sido inesquecível. Desta vez,
foram dias de sonho. A Rosa e o Chema especializaram-se em Orientação Familiar,
seguindo os passos de gigante dados nesta área pelo pai de Rosa, Rafael Pich.
Mas a verdadeira orientação familiar
que nos deram veio do dia-a-dia que partilharam connosco – a Rosa, sempre muito
bonita, com uma alegria contagiante – as gargalhadas únicas - e uma capacidade
incrível de tornar tudo mais simples e mais fácil. O Chema, que sempre parecia
ter todo o tempo do mundo para nós. A voz calma, a serenidade, o sorriso
pronto. As atividades tão bem planeadas – com logísticas complexas, com muitas
famílias numerosas.
À porta da sua casa, no passeio,
carrinhos, cadeiras de papa, camas e berços, para quem precisasse durante
aqueles dias – bastava passar por lá e levar, apenas deixando um papel com a
indicação de quem tinha levado o quê. Os filhos tão bem educados e tão felizes
– se nos vissem a chegar das compras, prontamente ajudavam a trazer os sacos e
a arrumar as coisas; nas nossas formações eram quem fazia o babysitting – sem
que fosse preciso pedir, tudo funcionava porque os filhos antecipavam-se às
necessidades, e isto vinha do exemplo da lógica amor-serviço destes Pais que,
com uma sobrenaturalidade discreta, mas vivida, traziam o extraordinário ao
quotidiano, amando a Vida e a Família incondicionalmente.
Estamos muito gratos à Virgem de
Torreciudad por este encontro maravilhoso que mudou para sempre as nossas vidas
– chegámos a Portugal absolutamente renovados.
Ficou a amizade, e mantivemos o
contacto, trocando mails com frequência. A última vez que estivemos juntos foi
na conferência dada pela Rosa e pelo Chema no colégio S. João de Brito para
apresentar o livro de Rosa Como ser feliz
com 1,2,3…filhos?.
Nestas duas semanas tudo aconteceu
muito depressa e, apesar da incredulidade e da comoção inevitável, consola-nos
saber que o Chema a partir de hoje está no Céu, reunido com 3 dos seus filhos. Nada
do que for dito ou escrito será suficiente para descrever o legado desta Família.
Dizia-nos a Rosa que hoje em dia
formamo-nos para tudo, tiramos a licenciatura, o mestrado, o doutoramento nas
mais variadas áreas, para fazer mais e melhor. Assim também deve ser naquilo
que é mais importante na vida: a Família. Podemos aprender como educar melhor
os nossos filhos, e ainda mais importante, como amar mais o nosso marido/mulher.
Porque este amor é a pedra angular da Família, e a Rosa e o Chema serão sempre
um modelo do verdadeiro amor conjugal, que tudo crê, tudo espera, tudo suporta
– e tudo alcança, porque o Céu é o limite!
Catarina e Miguel Nicolau Campos
6 de Março de 2017
1 comentário:
Muito bonito o seu testemunho. Ajudou a conhecer melhor a este pai que agora faleceu. Impressionante exemplo de família
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