Com três letrinhas
apenas…
Vou aproveitar a ocasião para
fazer justiça a uma situação que se tem mantido algo desigual e que não pode
continuar assim. Tantas vezes falei de filhos, de educação, de amor, de mães,
mas hoje quero falar do Pai.
Porque Março é o mês de São José.
Porque Deus me deu um pai presente, amigo, companheiro de todas as horas.
Porque sou casada com um pai maravilhoso. E porque o pai tem tarefas
fundamentais na educação dos filhos, na gestão do lar, na cumplicidade com a
sua esposa. (desculpe, se pareço muito romântica, mas, no meu caso pessoal, não
pode ser de outra maneira!).
O pai tem hoje, mais do que
nunca, uma tarefa muito exigente, porque educar um filho com valores, com
princípios, torna-se cada vez mais desafiante nos contextos que nos circundam.
O pai tem, muitas vezes, de procurar com mais dedicação e esforço todos os
meios necessários para sustentar a sua família, porque tendencialmente a mãe
acaba por ter de dedicar mais tempo à gestão do dia-a-dia dos filhos. Contudo,
o pai tem também de garantir que não negligencia nas tarefas educativas dos
seus filhos, nomeadamente no que se refere à explicação de alguns assuntos do
programa escolar, aos jogos de futebol, na rua e na televisão, às conversas
sobre a educação do caráter, entre muitos outros aspetos.
Ser pai não é pêra doce, ainda
que, tantas vezes, para o olhar da mãe, seja sempre o que é menos importunado
pelas birras dos filhos, seja sempre o que não é envolvido nas mesquinhas discussões
do dia-a-dia. O que, em muitos casos, é verdade, não escondendo todavia o facto
de, também muitas vezes, a mãe ter de pedir apoio ao marido para exercer alguma
disciplina mais assertiva ou para tomar uma decisão mais delicada.
Ser pai é ter de arranjar sempre
dinheiro para a visita de estudo que surge sem se contar. Ser pai é ter de
organizar passeios fixes. Ser pai é andar com os filhos às cavalitas mesmo que
a situação no trabalho, há meia hora atrás, tenha ficado complicada. Ser pai é
ser uma espécie de vedeta oculta, tipo com pânico de paparazzi.
E aqui, não posso deixar de o
dizer. Lembro-me de São José, o tal homem mais velho que assume uma missão
muito estranha para o olhar humano, que trabalha na carpintaria e que em
silêncio, discreto, demonstra uma resiliência e uma robustez interior que não
precisa de exibição pública, que não precisa de demonstrações fulgurantes.
A minha filha de quatro anos tem
um pequeno presépio na sua mesa-de-cabeceira e reza lá todas as noites. Uma
destas noites, perguntou-me quem é que era mais importante: São José ou Dona
Maria? A resposta é tão óbvia como quando nos perguntam se gostamos mais de um
filho do que de outro ou se gostamos mais do pai ou da mãe.
A importância é um conceito
extensível, elástico, um telhado que acolhe muitas necessidades, mas acima de
tudo, quando se fala de pai e de mãe, o importante é tê-los por perto, na vida
ou só no coração. Ambos são insubstituíveis naquilo que são para cada um de
nós.
O pai representa uma terra
segura, uma âncora na tempestade, uma palavra razoável e equilibrada, um colo
de carinho que não se esperava, uma gargalhada espontânea. Tudo isto é tão
importante em si mesmo e no quanto faz brilhar o manto de uma mãe, a
emotividade, a preocupação constante com tudo e com todos.
A todos os pais que nunca se
esqueceram de o ser. A todos os pais que se esqueceram de o ser mas que querem
voltar.