Ao inicio a sensação foi estranha. Comecei por me perguntar: "E agora, onde é que eu pertenço?".
Primeiro existe uma excitação e um alarido. Despedidas, festas, brindes, malas, mensagens, bilhetes de despedidas. O que se deixa para trás com a promessa de voltar logo, logo.
Depois é hora de aterrar, cair na real. Perceber que a distância não é uma ilusão. Mesmo que fales todos os dias no whatsapp. Ou que ela te ligue pelo FaceTime a contar a última das últimas. Os quilómetros estão estabelecidos, já não estás à distância de um café e de um cigarro.
Se não tiveres cuidado corres o risco de te tornar fria, criar poucos laços porque já viste como foi difícil deixá-los da última vez. De achar que só tu te vales.
Porque nem a língua te garante um diálogo, mesmo sendo prima.
Porque se perguntas em castelhano respondem-te em catalão e continuas sem perceber se era pela direita ou pela esquerda. E percebes que há palavras básicas que tens de decorar como os dias da semana se não queres continuar a bater com o nariz em portas.
Porque apesar de toda a emoção de começar uma vida e construir uma casa, se vais ao IKEA e decides comprar um chariot de 5 kg tens de o carregar de metro para casa, sozinha. Porque deixa de existir aquele privilégio de pedir boleia ao pai.
A sensação continua estranha. Amanhã vou-me empadronar, o que dito assim parece uma grande coisa. E de repente percebi que sou expatriada, o que dito assim fica meio violento.
A sensação continua estranha, apesar de boa. É que posso dizer mal quase à vontade (sem que me percebam) das pessoas que decidem ir passear para o IKEA e ocupam demoradamente os corredores. (apesar disto não ser um bom princípio)
E agora já tenho uma boa desculpa para ouvir Enrique Iglesias à vontade, é que estou a aprender a língua.
E agora já tenho uma boa desculpa para ouvir Enrique Iglesias à vontade, é que estou a aprender a língua.
4 comentários:
Adorei. Um beijinho da sempre amiga Leonor
<3 Não deixes de escrever!!! :)))
Lindo!!!!
qridas <3 <3
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