segunda-feira, 2 de março de 2015

Há gente que fica na história...na história da gente...








Voltei à minha primeira faculdade três anos depois de a ter deixado. O ambiente estava igual mas uma sensação estranha apoderou-se de mim. Era a mesma rampa, eram as mesmas pedras da calçada, o mesmo azul cobalto  com um pequeno pigmento de azul ultramarino a cobrir a fachada do edifício.

Tudo estava igual mas eu sentia tudo tão distante, como quando voltamos ao jardim da nossa infância e nos apercebemos que o escorrega, afinal, não é assim tão íngreme.

De repente, tudo toma uma proporção bem diferente da que lhe davamos outrora. Se, em tempos, soubéssemos que não era assim tão difícil,  teríamos largado a ansiedade e colocado as folhas de apontamentos no lixo, muito antes do exame, em vez de entrarmos na sala agarrados aos papéis como se, por sorte,  a sabedoria fosse entrar-nos pelo cérebro adentro segundos antes da prova.

Foram dias bem passados, os que lá vivi. Recordo-os com muito carinho. (não que queira que o tempo volte para trás. Não,  obrigada.  Estou muito bem assim!)

Pois bem, voltei à faculdade,  como sempre, acompanhada pela minha amiga S. Íamos lá tratar de uns assuntos e pedir uns certificados (que valem mais em dinheiro do que em tudo o resto em que poderiam ter valor). A S. esperava-me no café da rua. Naquele café onde tomavamos o pequeno almoço todos os dias, onde ficávamos a dever dinheiro porque nos tínhamos esquecido da carteira em casa, ...

Dirigi-me para o café,  a medo. Com aquele miúdo nervosinho de quem passou ali uma parte importante da sua vida e teme já não ser recordado.

"S., onde está a loirinha que vinha de bicicleta para a faculdade?", perguntavam-lhe o T. e o sr M.

Encontrámos, ainda, a Dona C., que nos safou de muitos disparates, encobriu muitas faltas...com quem conversavamos e riamos até caírem as lágrimas...

Já haviam passado três anos. Muitos outros alunos passaram pela faculdade e pela vida da dona C. "Será que se lembra de nós?", pensávamos uma para com a outra.

Ao longe, ouviu-se uma voz repleta de alegria: "Rosarinho,  S., há quanto tempo!!!!"

Três anos haviam passado, muita coisa tinha mudado em nós mas tudo parecia igual.

"Há pessoas que nos marcam", dizíamos e ouvíamos. "É que há pessoas que ficam na história....na história da gente!"


4 comentários:

Ni disse...

lindo lindo lindo :) adorei!

Ni disse...

(adoro ter de confirmar que não sou um robot para deixar comentários....)

Leonor disse...

:)
Continua a escrever... please!

Leonor disse...
Este comentário foi removido pelo autor.