terça-feira, 4 de novembro de 2014

Caminhos

Eu sou uma pessoa desorientada por natureza. Graças a isso passei a conhecer imensos sítios novos. Tem piada voltar a passar por lá e pensar “eu conheço este sítio…ah deve ter sido de alguma vez que me perdi”.

Há caminhos engraçados e há caminhos simplesmente aborrecidos. Há caminhos que faço sozinha com a música aos gritos e a cantar super alto. Outros que faço com o pai a ouvir o mesmo cd vezes sem conta, “esta é a música que a menina gosta”. Há caminhos curtos e há caminhos compridos.

Há caminhos que são sempre iguais e nos levam sempre ao mesmo lugar mas ao mesmo tempo parece que nos levam sempre a um destino diferente. De tanto os percorrer já conhecemos os buracos na estrada, os sinais, os semáforos. Bolas, e os semáforos que ficam sempre encarnados quando estás prestes a chegar a esse destino que é sempre diferente.

Depois há caminhos que nos fazem deixar de fazer o caminho de sempre. Viras e reviras o mapa à procura do norte. Dás voltas ao mesmo quarteirão. Ainda pensas em pegar no GPS. Mas ele simplesmente já não existe. "Onde foi que eu me perdi?". Mesmo que apanhasses o metro ou o autocarro não ias voltar a chegar lá, não vale a pena tentar fintar a estrada. Porque aquele caminho não é mais o teu e não tens de esperar mais naquele sinal encarnado.

Um dia quando dás por ti estás a fazê-lo outra vez. Mas desta vez os buracos são só isso, buracos. Percebes que só na tua imaginação é que eles eram parecidos a qualquer coisa como uma arritmia. E aquele sinal encarnado não é mais que um tempo de espera até teres segurança para avançar. E o caminho passa a ser só isso: uma estrada de alcatrão. Quem sabe que te leva a um sítio para te perderes outra vez. E avanças com confiança porque o sinal está verde



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