quarta-feira, 26 de novembro de 2014

E tu, onde estavas há dois meses?

Gosto sempre de pensar na relatividade do tempo. 5 minutos: pouco tempo para quem está a acabar um exame, muito tempo para quem está à espera na fila do supermercado. Meia hora: tempo suficiente para me arranjar e sair de casa, pouco tempo quando estou com quem gosto. Uma semana: pouco tempo quando estamos de férias, muito tempo quando temos saudades de alguém. Dois meses: muito tempo para quem não tem nada para fazer, pouco tempo para quem descobre que afinal há muito para fazer.

Há dois meses as coisas eram diferentes. As cores eram diferentes. As despedidas custavam mais, as decisões eram mais difíceis, o tempo era demasiado. Há dois meses não conseguia ouvir certas músicas de coração desligado. A cabeça repetia o que o coração não conseguia apagar. As lágrimas eram mais fáceis. Há dois meses não estava aqui.

Agora estou aqui. Aqui “entre nós que ninguém nos ouve”. As decisões e as despedidas são igualmente difíceis mas mais fáceis de carregar. O coração e a cabeça lá se conseguiram entender e formam um discurso coerente (interior e exterior). Dois meses depois percebo a sorte que é poder recomeçar, ter uma folha em branco e risca-la como bem me apetecer. Descobri que tenho mais amigas (obrigada MT!). E ter calma já não me tira a calma. Aprendi que é bom dar passeios sozinha (modéstia à parte: até sou boa companhia). Há dois meses tornei-me farmacêutica.

E daqui a dois anos vou gostar de me lembrar como dois meses é pouco tempo. 

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