Barulho
de manhã á noite, permanente agitação, portas a bater, muita corrente de ar,
gente a entrar e sair..
Berros,
discussões, lutas físicas, risos, abraços, confidências..
Uns
chegam, outros saem, outros estão para ficar.
Família.
Numerosa.
Vivo
numa casa cheia. Somos 5 contra 5! Pai, mãe, e nós, manos, cada um na sua idade
e cada um numa diferente fase da vida.
Temos
os mesmos pais, vivemos na mesma casa, temos as mesmas memórias. Recebemos a
mesma educação e a mesma formação.
O
sangue ninguém nos tira, os pais também não, aquilo que se viveu está vivido,
mas com a educação e a formação cada um faz o que quer. Por muitas parecenças
que possam existir, cada um é UM, é único, e assim fomos e somos amados pelos
nossos pais.
Todos
livres para optar e agir. Que curso tirar, que escola escolher, que percurso de
vida seguir.. a música? O desporto? A
arquitectura ou gestão?...
Somos
diferentes, sim, muito!
Por
isso tem que existir mais qualquer coisa que nos una para além do sangue ou de
uma vida vivida na mesma casa.
Devemos dar à nossa família mais do que o
simples amor que a palavra família implica, que já é muito mas não chega.
Como é óbvio um irmão ama um irmão, pelo facto
de ser seu irmão. Mas apesar disso pode acontecer que não se conheçam bem, não
sabe um a vida do outro, não conhece os amigos com que sai, não se interessa
pelos seus estudos, pelas suas dificuldades. Se não fossem irmãos amar-se-iam?
Por
vezes tenho de fazer este exercício de pensar: porque é que gosto da Mafalda,
ou da Joana? Quais são as suas qualidades?? As suas virtudes?? Os seus
defeitos? Será que tem uma parte importante da sua vida que não conta? Porquê?
Tem medo? Não se sente bem?? Se não se sente bem qual é a razão?
Há
muitas famílias assim. Conjuntos de pessoas que vivem debaixo do mesmo teto. Os
pais sabem de todos, mas cada irmão sabe de si.
A
razão só pode ser uma: falta de confiança. E a falta confiança é falta de
amizade. E vice versa. Não funciona uma
sem a outra.
Ainda
hoje ouvia que amizade é interessar-se pelos interesses do outro. Querer saber
do outro, querer gostar do que gosta o outro. É difícil, e por vezes, devido
àquele saudável à-vontade que nos permite sem cerimónias dizer ”olha, vai
passear” ou “não me chateies com os teus assuntos agora que estou a descansar”
, se não houver amizade, entre irmãos, criam-se muros, autênticas barreiras. É
preciso que uns precisem dos outros, que todos precisem de todos. Mesmo nas
coisas práticas!
Elas,
mais novas precisam de mim, por exemplo, por causa da roupa e da maquilhagem, e as pessoas
não fazem ideia a quantidade de discussões e confusões que isto pode implicar!
Mas isto é bom e é importante! Se cada uma tivesses as suas coisas (muitas
vezes um grande desejo meu!!), não teríamos vivido, nem dito, nem chorado, nem rido
a quantidade de vezes que o fizemos! Pode
ser uma enorme maçada, causar um grande desconforto, mau ambiente durante dias,
sim! mas são situações que os pais pacientemente devem aguentar ou deixar
acontecer, porque fortalecem. É um caminho mais difícil, mais fácil seria dar o
carro a cada um e o problema estava resolvido.
Daquele, eu preciso da chave, do outro dá-me
jeito a boleia, desta quero desesperadamente o seu blush…. mas depois: daquela
preciso da sua opinião sincera, da outra a sua alegria e sensatez, do primeiro
a sua experiência e profissionalismo, do quarto a sua conversa e bom ambiente,
dos últimos..abracinhos porque ainda são uns Grandes bebés…
Apesar de tudo o que nos
separa, é sempre maior o que nos une. . Cada um recebe aquilo de que precisa, a
uns dá-se 20 e chega, a outros dá-se 100 e ainda é preciso dar mais. Assim funciona
esta família que é a minha…
5 comentários:
Querida Margarida, fantástico! Já o li duas vezes e ainda acho que haverá uma terceira. Obrigada do fundo do coração.
Margarida que bom post! Acrescento apenas uma ideia, sobre esta família que bem conheço.
Ser uma família numerosa e não ter acesso a todos os bens materiais ajuda a esta vivência de amor. Como dizes implica muitas interações entre vocês, já que todos precisam de todos. Mas não chega. O amor que se vive na tua família acontece porque os teus pais primeiro amam a Deus para depois vos poderem amar a vocês, e porque vocês manos, amam primeiro a Deus para depois se poderem amar entre todos. Cada um à sua maneira muito diferente foi ensinado e ama a Deus (mesmo que sem saber), pois sem isto não seria possível viver o que se vive em tua casa.
Como dizes e bem sabes, nem tudo são facilidades nem coisas boas, mas no final o que fica é o verdadeiro amor, mais do que o amor por serem irmãos, mas o amor alimentado por Deus, o amor por se amarem de verdade. E Deus providencia a quem vive para fazer a sua vontade. Na tua família acontece o verdadeiro milagre da multiplicação dos pães, com pouco se faz muito, ou melhor com Deus tudo se faz!
Margarette querida...gostei tanto de ler este post!
Muito muito obrigada!
obrigada eu Joana! mas sabes ainda fica tanto por dizer..
beijinhos
Margarida no seu melhor, um beijinho e keep going, gostei muito de estar contigo estes dias!
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