quarta-feira, 11 de julho de 2012

Espaço sem espaço

Para uma viagem de amigos, para aquele Dia, para o fim de semana há muito prometido, para o hospital-maternidade, para uma viagem de trabalho.

Mil tamanhos, mais pequenas, maiores. De mão. De porão. Mais giras, mais feias, mais herdadas, mais "serve".

Espaços que nunca parecem ter espaço.
Sempre gostei de malas de viagem por serem um desafio. Porque obrigam a sonhar com o que vão ser aqueles dias, como vão correr, e o que vou precisar para cada um dos programas. Porque me fazem pensar nos vários minutos que estão a chegar, para aquele fim-de-semana, para aquela viagem de uma vida, para aquela visita ou para aquela chegada.

Malas de viagem. Esse espaço onde temos que deixar espaço suficiente para nos surpreendermos. Espaço onde deixamos, propositadamente, lugar para improvisos, e para nos superarmos a nós próprios com as soluções encontradas. Espaço onde temos que decidir quais são Aqueles objetos, livros, fotografias que vão connosco para todo o lado e que não, não podem ficar para trás. Espaço onde queremos incluir as vidas de várias pessoas que sabemos serem essenciais nesse tempo que agora começa e para o momento em que chegarmos ao destino.

É desafiante olhar para uma mala de viagem vazia. Fazer a lista de coisas que queremos incluir. Perceber que não cabe, que exagero, que quantidade de tralha. Perceber que mesmo assim não cedo, vai ter que caber. E não cabe, e sentamo-nos em cima delas, e gritamos por ajuda, e já são duas pessoas a tentar, e três, e quatro, e por fim, Fechou!

A mala de viagem da nossa vida é a que mais gosto por não ter limitação de tamanho.
Não deixa de pesar, não deixa de ter que ser arrastada muitas vezes.
Mas cabe lá tudo. Cabem as histórias que ficam para trás, cabe tudo aquilo que esperamos realizar, cabem as coisas mais pequeninas como as fotografias, aquele colar, aquela moeda de não-sei-onde. E cabem as coisas que não pesam, e que por essa razão, podemos usar e abusar: a nossa família, O Amigo, os amigos, o mais-que-tudo. Melhor que tudo isto, cabe o dia de hoje, cabe a maravilha do ‘normal’ que conseguimos ser e fazer.

E esperar que, quando for preciso fechá-la, os caminhos por onde a levámos, nos tragam muitas pessoas para a fantástica tarefa de saltar em cima dela e garantir que tudo existiu.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá!! Adoro este artigo. Poderia ter sido escrito por mim, mas não foi. Adoro viajar, principalmente de avião e toda a logística que embora muitas vezes chata. Adoro aeroportos. Gosto de ver as pessoas todas de um lado para o outro a passear as malas - umas mais "in" que outras - e pergunto-me para onde vão? O que levam na mala? =)

Lembremos-nos de que todos nós carregamos uma mala, embora transparente. A mala daquilo que cativamos ao longo da vida, a mala que nos é dada na maternidade, à saída.
Pensemos então:
- A mala está muito pesada?
- Quem levo na minha mala?
- Todos os dias abro a minha mala e vejo o que fiz hoje?
- Peço ajuda a Deus para me ajudar a carregar a minha mala?

Obrigada por meterem deixado ter estes dois minutos de antena. ;)))

Beijinho. Go girls!!!

MT