Estou neste momento dentro de um avião, a caminho dos
Estados Unidos. Aliás, estou a voar precisamente por cima do meu país, a uma
hora da chegada ao destino. Mas os meus pensamentos continuam em Portugal
porque deixei lá um assunto pendente: há poucas semanas atrás, prometi à minha amiga
Ana um artigo sobre a maternidade e a escolha das mães em ficar em casa com os
seus filhos. E por isso, na última hora que passei dentro deste pássaro
mecânico, gostaria de partilhar convosco algumas ideias sobre este assunto,
como um presente final para as minhas mulieribus.
Nós, católicas, abordamos muitas vezes a questão do
discernimento vocacional, e para muitas de nós, a questão mais clara da vocação
prende-se com o casamento ou o celibato. Ainda assim, numa cultura em que as
crianças são algo totalmente opcional, o casamento tem vindo a separar-se cada
vez mais da realidade da paternidade. Está claro que para os católicos,
católicos a sério, sabemos que as crianças serão, sem dúvida, parte da equação,
mas passamos pouco tempo a pensar nas complexidades de sermos mães e pais
enquanto nos preparamos para o casamento.
Sugiro que nos relembremos de algumas verdades fundamentais
que a nossa fé nos ensina: antes de mais, a opção de casar é a mesma opção que
ser mãe. Devemos portanto considerar de que forma a maternidade irá impactar
nas nossas vidas antes de dar esse passo, uma vez que estão de tal forma
interligadas que vale a pena considerá-las simultaneamente. Na nossa cultura
moderna, as regras para a paternidade, e especialmente para as mães, foram
alteradas de forma dramática e vale a pensa deixar claras as expectativas que
cada uma tem para esse aspeto essencial da vocação matrimonial.
Para nós, mulheres, uma das várias questões essenciais que
nos colocamos – antes de dar o passo do casamento – é: “será que eu ficarei em
casa com os meus filhos em vez de trabalhar a full-time, por um certo período de tempo?”. Depois de muitas
conversas com amigas portuguesas, descobri que esta questão é especialmente difícil
para muitas delas, uma vez que a cultura do país “empurra” as mães novamente
para o trabalho. Eu compreendo estas hesitações e consigo relacionar-me com
elas: talvez tenhas investido tanto tempo de escola para uma carreira
particular, tens O trabalho, como poderás dizer adeus a tudo isso? E há mais –
achas que um casal deixará de lado os dois ordenados e passar a viver de um só?
Isso seria de loucos nos dias que correm. E ainda há mais: não seria
terrivelmente aborrecido e pouco desafiante se, dia após dia, ficasses em casa
com crianças e bebés que só choram? Agora, quero pedir-vos que ponham de lado
estes clichés e considerem uma outra
perspetiva..
To be continued..
Eva Marie
Haine is a recent graduate of Princeton University, United States and was
currently living and teaching in Lisbon, Portugal. Traduzido por Ana Ulrich.
2 comentários:
Belíssimo artigo! E desculpem, mas é preciso pôr o dedo na ferida: surge outra questão que é a virgindade antes do casamento! As jovens não querem engravidar por isso mesmo, são jovens, e então enchem-se de pílulas contraceptivos e preservativos e "bora lá fazer como os casados" e depois, aquando do casamento querem ter filhos e as pílulas que tomaram inconscientemente proíbem -nas de engravidar.
E que tal um artigo sobre a entrega total ao outro... apenas depois do casamento?!
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Muito boa ideia! Virá em breve, fica prometido!
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