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sábado, 30 de julho de 2016

My home

[É tão bom ler o Sebastião Bugalho, mas desta vez foi bem melhor!!!!]
Uma ode à minha terra | Crónica de viagem: Açores | Jornal i
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ilha das Flores
 
Tive a sorte de a minha viagem para os Açores ser tão curiosa quanto a minha viagem nos Açores.
Entre as ilhas, descolei e aterrei no cockpit. Um dos copilotos viu-me murmurar uma prece antes de levantarmos voo e perguntou-me:
- Não sabes que a probabilidade de teres um acidente de carro é muito maior que a de teres um acidente aqui? 
- Ah, mas eu também rezo antes de viajar de carro -, respondi. 
O comandante, um tipo baixinho e bem--disposto, riu-se e contou-me que também era católico, que se tinha convertido tarde. 
- Acreditas que só tive a certeza quando olhei para a terra daqui de cima? Tinha de haver qualquer coisa maior para fazer isto tão bonito. 
Achei que o padre Jacques Hamel, assassinado esta semana em França enquanto celebrava a missa, teria gostado de ouvir isto. Por mais que se tente laicizar o Ocidente, ocultando a culpa islâmica e o luto cristão, ainda há dois gajos que se podem cruzar a 15 mil pés de altitude e, por acaso, conversar sobre a fé. 
Um miúdo que também vinha no cockpit perguntou se as nuvens existiam por Deus fumar muito, e lá nos rimos todos. 
Eu perguntei ao comandante se conhecia a ode do William Butler Yeats aos aviadores irlandeses. “I know that I shall meet my fate/ Somewhere among the clouds above;/ Those that I fight I do not hate/ Those that I guard I do not love”. 
Coincidentemente, a minha fé também tinha uma causa voadora. 
Lembrei-me do meu avô, que era piloto e gostava do Yeats. Que me converti depois de ele voar lá acima uma última vez. 
Depois cheguei aos Açores e toda a gente que me avisou tinha razão. É lindo. 
Uma velhinha da minha aldeia costuma dizer que não se escolhe país nem família; só amigos e destinos. 
Os Açores dão-nos um sentimento misto em que mudamos de mundo dentro do nosso próprio país. Têm as montanhas em neblina da Escócia, o pôr-do- -sol à beira-mar de Veneza e as fajãs que fazem lembrar Bali. São realmente únicos. Cada ilha, cada praia, cada miradouro. Não admira que Júlio Verne tenha escolhido o arquipélago como entrada para a sua “Viagem ao Centro da Terra”. Não admiraria até que alguém se lembrasse de proclamar que, afinal, a Atlântida não se perdeu e que os portugueses sempre a tiveram sua.
Se o meu caro leitor gostar de desafios, suba o Pico, o ponto mais alto de Portugal. Não é uma montanha que se vença, mas é uma aventura possível de não se sair vencido. Nós demorámos nove horas a completar o percurso e, eventualmente, só chegámos ao nascer do sol por estar demasiado escuro para vermos quanto faltava. Faziam cinco graus ao amanhecer.
Mais importante: se o meu caro leitor vier aos Açores, traga a namorada ou a máquina fotográfica. Sem uma delas, sentir-se-á perdido e um bocadinho parvo. 
É necessário - até aconselhável - entrar em processo de descompressão. Ao jantar, o pão e a manteiga não chegam logo que nos sentamos, mas temos uma vista que nos entretém como em nenhum outro sítio. 
O jornal só chega depois de almoço e eu, depois de almoço, não leio. Na verdade, não lia tão poucas notícias desde que estava a caminho daquela aldeia com alguém que me faz conduzir só com uma mão por estar com a outra na dela. 
Aqui não se trancam portões na rua e podemos beber vinho à beira da piscina municipal até de manhã. Aqui há restaurantes sem password na internet porque “isso não se rouba”. Aqui, os taxistas são uns porreiros. Aqui pagam-se 15 euros por uma refeição cheia de marisco e cerveja. Do queijo às sopas, é tudo bom. 
Sobretudo, aqui não é só um paraíso na terra. É o paraíso da nossa terra. 
À Catarina e à Inês

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Existe e é na minha terra

Na ilha Terceira - Algar do carvão
Nós somos portadores de grande belezas, temos tesouros, muitas vezes nem sabemos que os possuímos.
São nossos por natureza, são nossos desde sempre, são tão nossos que nem percebemos que são assim tão especiais, tão diferentes, tão bonitos. Isto define um açoriano. Por outras palavras. É na terra não á lua.
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 31 de março de 2016

HEart na comunicação social | Diário Insular #12

O meu artigo de hoje - apesar de ter sido escrito antes dos atentados terroristas ao aeroporto de Bruxelas - transcreve a minha predileção por esse lugar tão caótico: O AEROPORTO.
Sendo um lugar multicultural, um espaço internacional, onde muitos cidadãos de muitos lugares se encontram, tornaram os atentados não somente um ataque a Bruxelas ou à Europa, mas a todos nós e ao progresso.
Não me tirem a liberdade de ser diferente e de amar a diferença:
(Diário Insular | 31 de Março de 2016)
 
 
 
 
(para ler melhor clique na imagem)

sexta-feira, 18 de março de 2016

HEart na comunicação social | Diário Insular #11

Viajar de avião nunca foi tão "pensativo".
Medos à parte aqui fica o meu artigo de hoje: 
(Diário Insular | 18 de Março de 2016)
(para ler melhor clique na imagem)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

HEart na comunicação social | Diário Insular #8

O artigo, deste fim-de-semana, fala de três das minhas grandes paixões:
1) Amigos, 2) Lisboa, e 3) Livros.
O tempo em Lisboa que nos voa, mas sempre com tempo para todos os amigos.
O que andamos a ler.
Os desafios de um livro por editar.
 
(Diário Insular | 16 de Janeiro de 2016)
(para ler melhor clique na imagem)

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Diário de uma Açoriana (Parte #II): Sanjoaninas

Se há coisa que eu gosto são das festas populares, gosto de comer numa tasquinha, gosto do ar tosco das mesas, das toalhas de quadrados vermelhos, das folhas de cryptomeria espalhadas pelo chão, gosto da cerveja servida ao jarro, gosto de dançar a musica pimba até ficar de manhã.
 
Este gosto devo muito à minha açorianidade, ao espirito de festa que está emprenhado em nós ilhéus, quem nasce aqui, quem vive aqui, sabe que não precisa de muito para fazer uma grande festa: só 2/3 amigos, umas cervejinhas e uma morcela bem frita! Por isso nestas alturas os emigrantes não hesitam em voltar.
 
Vou explicar a razão de nunca mais ter escrito no blog....
Estes dias tem sido assim: festa.
As festas em honra do Divino Espirito Santo ainda nem acabaram e já começam as Sanjoaninas
O São João em Angra do Heroísmo chama-se Sanjoaninas e não basta ser só o dia 24, basta só que o dia 24 seja feriado, são 10 dias de festa e muitos dias de preparação. Fecham-se as ruas, iluminam-se e decoram-se com flores... ouve-se a musica, as filarmónicas saem à rua e dançam o pézinho.
Estive uns 9 anos pró continente, mas tentei  levar sempre comigo este espirito de festa da minha da ilha Terceira, confesso que houve momentos que esqueci como é tão bom este ambiente.
Os nossos vizinhos, da ilha de São Miguel (que é a maior ilha dos Açores, digamos é a nossa grande rival), costumam dizer que "os Açores são 8 ilhas e um parque de diversões", que somos nós os terceirenses. Esta piada não me ofende, porque o certo é que estes micaelenses fizeram uma marcha, de propósito para marcharem na nossa Angra: a Marcha dos Coriscos  e ainda tiveram 1 semana de tolerância de ponto, sim 1 semana!
 
Já estamos cheios de turistas, de gentes de outras ilhas e sobretudo dos nossos queridos emigrantes das américas (nestes dias só ouço, nas ruas da cidade aquele inglês americanado com expressões açorianas… tipo: “wei rapazinho what do you think you do?” )

Estas festas, vividas com tanta intensidade, são consideradas as maiores festas dos Açores, o número de voos e de barcos aumentaram verdadeiramente, e o povo, com pelo menos uma semana de antecedência, vai metendo cadeiras no meio da rua da Sé, querem guardar lugar para os desfiles e para as marchas, (imaginem lá isso na avenida de liberdade!) atenção ninguém mexe nas cadeiras dos outros.
 
No dia de São João para além da grande tourada de praça em honra do santo, há a tourada de rua, que é umas das principais touradas de ruas, conhecida como a Espera de Gado. É a única tourada que os touros vão sem corda, tornando-se numa largada de touros. Para além dos estragos, é uma grande confusão arrumar os touros e leva-los para o campo, muitas vezes têm que se chamar os pastores ou as vacas, o que torna a rua um verdadeiro campo de batalha rural!
 
Este ano, como manda a tradição as marchas não foram poucas: 26: começamos a marchar às 21h e acabamos por volta das 3h30/4h claro que eu marquei presença na marcha do voluntário. Aqui não há concurso de marchas, mas há muita imaginação, distribuíram whisky, bifanas, havia marchas com grandes guarda roupas, outras mais simples, marchas que saltavam e lutavam, e até houve a marcha com os doentes da casa de saúde, integrando todos em tudo... ainda há aqueles que vão atrás das marchas e fazem a festa toda... Desta forma juntam-se milhares de pessoas na rua.
Depois segue-se o bailarico, as fogueiras, as sardinhas assadas e a musica ouve-se até de manhã, quem chega a casa antes das 7h é menino.
 
Esta é a noite mais longa da minha ilha, é uma noite que reúne gerações, uma noite que pode haver alguns excessos, mas numa maneira geral o espirito é sã, são as famílias que estão na rua, é uma festa verdadeiramente popular.
E se há coisa que eu gosto são das festas populares...
 
PS: (só para meter inveja) hoje vou ao concerto do José Cid!
 
Angra ao amanhecer - noite de São João