sexta-feira, 13 de maio de 2016

"Vivam todas as mães! Viva Maria!"

Filipa Sáragga

13-V-2016

Num dia quente de verão no sul da Flórida, uma criança decide ir nadar para um lago mesmo atrás de sua casa. Saiu disparado pelas portas traseiras, mergulhou naquelas águas e ficou a nadar numa enorme felicidade.
Enquanto a sua mãe o observava pela janela, conseguiu ver o horror que se estava prestes a aproximar. Saiu disparada a correr atrás do filho e a gritar o mais alto que podia e conseguia para o alertar.
Ouvindo a sua mãe o rapaz deu-se conta do que estava a acontecer e começou a nadar em direcção a ela o mais rápido que conseguia. Porém tarde demais.
A mãe conseguiu agarrar o seu filho pelos braços justamente quando o animal agarrava as suas pernas. Aquela mulher lutava determinada, com toda a força que tinha dentro de si e no seu coração.
O crocodilo era mais forte, mas a mãe como todas as mães devem ser, era mais apaixonada pelo filho do que a força daquele animal. E por isso não o abandonou nem nunca o largou.
Um vizinho que ouviu aqueles gritos assustadores, correu em direcção ao lago e com uma arma acabou por conseguir matar o crocodilo.
A criança sobreviveu, a ainda que as suas pernas tenham sofrido bastante, ele pôde voltar a andar.
Um dia, quando ultrapassou todo aquele trauma, um enfermeiro perguntou-lhe se ele lhe podia mostrar as cicatrizes. A criança levantou imediatamente o lençol e mostrou-lhe as cicatrizes cheio de orgulho! Mas não as cicatrizes da dentada do crocodilo... e arregaçando as mangas ele disse "as cicatrizes que você deve ver são estas".E essas eram as cicatrizes que tinham as marcas das unhas da sua mãe que haviam sido pressionadas na sua pele com toda a força.

"Eu tenho estas cicatrizes porque a minha mãe nunca me soltou e me salvou a vida."

Esta história comprova que a cicatriz de um momento doloroso na nossa vida pode ser superada com uma cicatriz de esperança. Porque esperança é aquilo que as mães tentam dar aos seus filhos desde o dia em que eles nascem. É por isso que no dia do seu nascimento uma mãe passa a ser dois.

Muitas vezes pergunto-me se consigo retribuir à minha mãe um pouco do tanto que me dá. Provavelmente não. Certamente que não! Tenho a certeza que as cicatrizes que guarda são infinitamente maiores a todas aquelas que estão cravadas e registadas no meu corpo.
Como diz Antoine de Saint-Exupéry "O amor é invisível aos olhos", e por este motivo nunca devemos perder a oportunidade de dizer às nossas mães o quanto gostamos delas, o quanto estamos agradecidos e a falta que nos fazem.
Lembro-me de ter acompanhado uma criança que lutava contra uma leucemia e um dia levei-a a passar um dia ao meu atelier, pintámos e partilhamos momentos que ficarão para sempre connosco.
Infelizmente passado pouco tempo, ela é internada em estado grave. Não podia receber visitas, mas tanto insistiu com a sua mãe e com os médicos, que eles acabaram por ceder e por autorizar a minha visita ao Instituto Português de Oncologia.
Não sou de chorar em frente a quem está a sofrer, sinto sempre esta espécie de "obrigação" em manter-me forte para transmitir força. Mas neste dia foi impossível conter as lágrimas.Ao entrar no IPO, fui obrigada a colocar uma máscara porque ela estava com os valores muito baixos. Aproximei-me devagar e em silêncio, e apanhei-a a dormir, a morfina que estava a tomar causava-lhe uma grande sonolência e um grande cansaço.


Nos entretantos ela abriu os olhos, e disse-me "Filipa podes ir buscar, em cima daquele armário uma coisa que tenho para ti" mas enquanto fui buscar a "tal coisa" ela adormeceu, e eu tinha nas minhas mãos uma tela, em que nela estava pintada uma rapariga com uma cruz ao peito e uma paisagem linda atrás de si.  E por isso, não resisti em perguntar-lhe o significado do desenho. E ela devagar abriu os olhos e disse-me, num tom baixo e amoroso: "Filipa não podia correr o risco de me ir embora sem te dar este presente. Quando estiveres triste ou quando alguém te fizer mal olha para esta pintura e lembra-te que essa menina és tu e que essa paisagem representa a nossa amizade e a esperança que sempre me deste".
As lágrimas caíam-me... e ela voltou a adormecer. Graças Deus não para sempre, o seu tratamento tem sido um sucesso e ela está cada vez melhor e mais bonita.
Embora não sendo mãe, naquele dia experimentei a felicidade de me sentir amada como se tivesse um filho. Por ter tido uma criança que num momento crucial da sua vida, em que podia ter fechado os olhos para sempre, pede para se despedir de mim.

E por ter sentido uma gratidão desmedida, não poderia deixar de falar do dia de hoje, 13 de Maio, dia de Nossa Senhora.  O dia da Mãe de todas as mães. E aproveitar a ocasião para agradecer.

Agradeço, no dia de hoje, a mãe que tenho nesta terra que é tudo e muito mais do que eu merecia, pelo seu exemplo de bondade, fé e alegria.

E agradeço com a mesma alegria e fé que a minha mãe me ensinou a ter, a vida e o amor que a minha querida Mãe do Céu tem por mim e por todos nós. Quero agradecer todas as cicatrizes que guarda, no Seu silêncio e no seu amor. E louvá-La por ser fonte de esperança viva e por nos ajudar a seguir o melhor caminho e as melhores opções sempre que recorremos à Sua ajuda. (link)

Vivam todas as mães! Viva Maria!





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