terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Uma interrupção que não se retoma

Nota: Já só inclui IVG por opção da mulher, isto é,
exclui IVGs por motivos médicos e de saúde.

Fonte: Direcção-Geral de Saúde
71% das "interrupções" "voluntárias" de gravidez (a única palavra incontestável) em 2014 foram as primeiras que aquelas mães faziam. Pode-se considerar que tenham ido "corrigir um erro".

Mas isso significa que 29% foram segundas IVG's (com as devidas aspas lá dentro). Quase um terço das pessoas que recorrem ao aborto - ai, desculpem, - à IVG, fê-lo repetidamente.

Pior: 8 mulheres fizeram pelo menos 10 IVGs. 80 abortos no total (no mínimo, não se esqueçam que está ali um 10+). 17 mulheres fizeram, somando, 143 IVGs pagas pelo contribuinte (eu e você).

Cada IVG custa ao Estado 700€.
O Estado gastou, em 2014, 11 mihões de euros em IVGs.
O Estado gastou, em IVGs repetidas, 3 milhões de euros.

Não me venham dizer que ter uma taxa moderadora de 7,75€ não faz falta.

Não discuto que muitos destes "números" se tratem de mães com uma história e circunstância difícil, que tenham vertido lágrimas, que lhes tenha custado, sendo mais ou menos "voluntária" a sua interrupção. Mas isso não invalida que haja uma facilidade de acesso e repetição que não foi votada em referendo.

A ILC Pelo Direito a Nascer, com mais de 50.000 eleitores subscritores, pedia apenas que se olhasse para esta realidade a que chegámos, e fosse consequente com as promessas de 2011: as mulheres devem ser despenalizadas, sim, mas também acompanhadas e ajudadas.

A ILC passou na Assembleia, para logo vir a Frente de Esquerda e ignorar 50.000 eleitores e desfazer a alteração, sem argumentos nem análises.

Tal como a esquerda quer "interromper" a discussão com um rotundo "está bem como está", estas "interrupções" de vidas, nunca são retomadas. Na verdade, o que se pretender é terminar as vidas, e terminar a discussão.

Mas isso não vai acontecer, não enquanto houver coragem na Presidência e voz no HEart.

6 comentários:

Anónimo disse...

Uma IVG não custa de todo 700 euros.

C. disse...

Caro Anónimo, apesar de não ser (só) esse o ponto, tenho o mair dos gostos em discutir valores consigo. Mas temos de usar factos, não opiniões, ok?

A minha fonte foi esta: http://www.ionline.pt/472729
Fui pesquisar um pouco melhor e aqui estão os dados oficiais publicados em DR: http://www.min-saude.pt/portal/conteudos/a+saude+em+portugal/noticias/arquivo/2007/7/precos+ivg.htm

Estes últimos, dependem da situação. Mas, até às 10 semanas, a média aritmética seriam 672€ (não muito distante dos 700€).

Mas diga-me: Que valor faria sentido eu e você pagarmos, de forma a alterar as conclusões apresentadas?

Cumprimentos,
Catarina

Anónimo disse...

Caríssima, sou profissional de saúde e já preparei bastantes IVGs. Pelo que sei de fonte segura que os valores reais não são esses. Mas concordo a 100% com o pagamento de taxas.

C. disse...

Pode então esclarecer os menos experientes em IVGs como eu e fornecer os valores reais? Gosto de ter os factos certos, não me interessa fazer demagogia :)
Ainda que, sendo os valores publicados em DR, não entenda como se praticam outros preços. O que há é tipos distintos de IVG (cirurgica, medicamentosa) com os respectivos custos distintos. Mas aguardo esclarecimentos de quem perceba mais do assunto!
Obrigada,
Catarina

Anónimo disse...

Para alguém que gosta de dados e números devia descartar dados de 2007. Ano esse em que o uso de genéricos era negligenciado pelo governo português. Estar a analisar dados com 9 anos é no mínimo ridículo.

Mais uma vez digo, concordo com o pagamento de taxas moderadoras. Agora falar em IVGs de 700 é absurdo para o panorama actual.

C. disse...

Querido Anónimo, que suponho seja o mesmo, os dados do jornal i são desde meados de 2007 até 2012. Ainda que apaenhe PARTE do ano 2007, acredito que esteja espurgado de efeitos especificos desse ano ao estarem diluidos pelos 4 anos seguintes.

Já os dados em DR, desde o referendo que não são alterados. Portanto se outros valores são praticados, lamento mas não tenho como saber, por que não há quem queira fazer a discussão de uma forma séria, coisa que também critico.
Se me quiser esclarecer, como já pedi, ficaria mais culta. Se não quiser, tudo bem, mas não me intitule de ridicula quando está nas suas mãos!