segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Shadowlands


Seguindo a ideia da nossa Dita, e por falar em histórias de amor, venho escrever hoje sobre um dos meus filmes preferidos, que já me fez derramar litros de lágrimas ao longo destes anos, Shadowlands, ou, na boa  tradução portuguesa, Dois estranhos e um Destino. 


O filme é de 1993, com o também meu actor preferido, Anthony Hopkins, mas a história real remonta a 1950, e é precisamente sobre esse década que o filme incide. A personagem principal desta história é Clive Staples Lewis, a.k.a. C. S. Lewis, escritor e professor em Oxford, brilhante palestrante, homem soberbamente inteligente, cuja história de conversão ao Cristianismo remeto para outras núpcias, autor de livros que me acompanharam a vida toda: As Crónicas de Nárnia, Screwtape Letters (ou Cartas de um diabo a seu Aprendiz), A Grief Observed, (julgo que a única edição portuguesa foi da editora Grifo e a tradução, salvo erro, foi Dor), e tantos outros.

E foi precisamente no contexto da sua sublime obra que, quando assisti ao filme pela primeira vez, me comovi profundamente pela descoberta de um C. S. Lewis ainda mais sensível, apaixonado, sábio e intenso do que aquilo que eu julgava já ser.
A obra cinematográfica mergulha-nos na maravilhosa história de amor entre C. S. Lewis e Joy Gresham, escritora norte-americana, mãe solteira, cuja simples presença na vida deste homem é capaz de lhe alterar as rotinas, os gestos, as acções, arrebatando de formas que nos fazem suster a respiração e depois suspirar vezes sem fim, a alma e o coração de C. S. Lewis, numa imagem viva do verdadeiro amor, pelo qual já passámos, passamos ou viremos a passar: do amor que nos tira o oxigénio, que nos invade a mente e o coração, que nos faz cometer loucuras que aos nossos olhos não são mais que consequências lógicas e necessárias da nossa entrega total ao outro - e que é o amor senão isso mesmo, a entrega total e abnegada, sem reservas; a doação completa à pessoa amada?
Esta é uma história trágica, dramática. Porque tudo começa bem, mas o seu fim é simultaneamente doloroso e belo. Doloroso por motivos que não vou aqui explicar, senão perderia a graça, mas que se encontram narrados na obra supra citada A Grief Observed, e no filme, claro está.
Belo, porque na dor C.S.Lewis descobre que a felicidade do seu casamento tinha chegado à perfeição própria do Céu. E se era própria do Céu, era no Céu que se devia operar a continuidade dessa Felicidade, e não na Terra, onde pouco se aproveitaria de algo tão único. Descobre este verdadeiro gentleman que a dor não é mais que o caminho para a felicidade. Nas suas próprias palavras, "a Dor é o megafone de Deus para o mundo", e, transcrevendo directamente do inglês, porque há sentidos que se perdem na tradução "Why love, if losing hurts so much? I have no answers anymore: only the life I have lived. Twice in that life I've been given the choice: as a boy and as a man. The boy chose safety, the man chooses suffering. The pain now is part of the happiness then. That's the deal. Will you marry this foolish, frightened old man... who needs you more than he can bear to say... who loves you, even though he hardly knows how? "

O nível, a classe, o respeito e a doçura com que este amor é relatado no filme é fiel à realidade. Nas cartas que Lewis escreveu a Joy, e que estão publicadas, descortina-se precisamente esta quase devoção que ele tem pela sua mulher, repetindo por diversas vezes que a queria mais do que à própria vida, num hino poético ao romance.
Enfim, um amor que desejei para mim sempre que via este filme e que posso dizer, e de novo espreitam as lágrimas pelos meus olhos, que encontrei. Com toda a dor e sofrimento que não mais é do que a felicidade de ontem e de amanhã, procuro todos os dias o Céu no meu casamento, e precisamente por vislumbrá-Lo sei que encontrei no meu marido, o meu C.S.Lewis que ainda me faz suspirar, o meu destino.

4 comentários:

Anónimo disse...

Que bonito Cate! Adorei!!

Maria disse...

Que bom que é e chegar aqui e ler de cada vez, e em tons tão diferentes, coisas tão inspiradoras! Assim espero continuar a vir aqui e ter acesso a estas coisas maravilhosas. Eu e tantas pessoas, a um clic deste bog e destas miúdas que ... apetece conhecer!
Obrigada e um beijo desta vossa, mais do que seguidora assídua, admiradora, Maria

Catarina Nicolau Campos disse...

Tia, conhece-me desde pequenina, sou a Catarina Matos Correia, agora é Nicolau Campos pelo apelido de casada...!! Também gostamos muito do seu blog, que é sempre fonte de inspiração. E vou participar no passatempo! ; )
Um grande beijinho

Maria disse...

Catarina: não sabia! À hora que te escrevo este comentário já sei quem são as felizardas! Mas isso só vou revelar no fim de semana.Espero a tua visita, claro.
Um beijinho