segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Happy nem sempre significa feliz

Acredito que haja mulheres que passem bem sem elas. E outras que não vivam sem elas. E outras que gostem, de vez em quando, de dar uma espreitadela, e que não disfarçam um sorriso quando alguém querido chega a casa com uma de surpresa. Há-as de todos os formatos e temas. De moda, de viagens, de ideias originais para novos cozinhados, de carros, de fotografia, de acontecimentos sociais.

Falo-vos das revistas. Sei que podem ser, e na maior parte dos casos serão, a melhor maneira de perder tempo. No entanto, eu acredito em boas revistas. Naquelas revistas que não nos põem na cabeça que se o nosso namorado ou marido não é romântico como gostaríamos, temos é que fazer-lhe as malas (no caso do marido) e corrê-lo de casa. Naquelas revistas que nos mostram pessoas bonitas, lindas, mas não artificiais. Naquelas revistas que nos deixam contentes e não frustradas. Naquelas revistas que nos tornam pessoas mais inteligentes e não nos limitam aos comentários sobre a galinha da vizinha. E sobretudo, naquelas revistas (femininas) que não passam a ideia de que a mulher é um ser depravado que nada faz para além de pensar em sexo.

Desculpem-me a franqueza. Mas é que hoje, num desses tempos mortos, olhei para a capa de uma tal de Happy (revista feminina que não aconselho). De entre os dez temas referidos para aliciar a sua compra, cinco tratavam algum tema alusivo ao sexo, e havia um sexto, muito mais edificante, sobre a vingança em relação aos ex-namorados. Como pensei imediatamente que ia escrever sobre este tema, folheei a dita revista. E, nada surpreendida, deparei-me com uma sucessão de disparates completos. Com páginas cheias de nada.

Passo seguinte, pus-me a pensar no tipo de pessoas que trabalha para criar um tal disparate. Em primeiro lugar, calculo que sejam (pelo menos maioritariamente) mulheres. Em segundo lugar, calculo que sejam mulheres que querem vender a sua revista e que querem que as destinatárias se interessem pelos temas de que trata. Em terceiro lugar, calculo que, como mulheres, queiram o melhor das suas semelhantes, queiram verdadeiramente torná-las mais felizes.

Por fim, vieram as perguntas sem resposta. Desde quando é que dizer a uma amiga para se vingar de alguém que lhe partiu o coração é uma maneira de a tornar mais feliz? E desde quando é que as pessoas normais falam mais sobre sexo do que sobre os seus projectos de vida, sobre aquilo que as preenche, ou sobre a sua família? Desde nunca. 

Qualquer dia, falar-vos-ei da !Hola!, a revista do meu coração. Por enquanto, fica aqui a minha opinião sobre a revista Happy, cuja compra não aconselho, sob pena de a redacção da revista achar verdadeiramente que os temas de que trata são aqueles que interessam às mulheres dos nossos dias.

2 comentários:

Anónimo disse...

Sonho com o dia em que, imediatamente ao lado da Hola, veja nas bancas a HEart. Aí sim, serei uma pessoa mais happy :)

Maria disse...

A estas horas a trabalhar, venho aqui só para dizer que essa revista - que me oferecem nos postos de abastecimento Galp e que aceito para ir direta ao lixo e ser menos um a vê-la - custa 1,5 euro (a última vez que tive uma na mão era esse o preço). Essa revista é a mais vendida (ou ela diz que é, eu não sei se é) porque tem cupões de desconto em tudo o que é sitio: desde restaurantes a lojas de roupas, a hotéis: tudo. O que ela faz é viver à conta disso e fazer passar mensagens de um grupo que usa avental às escondidas e que não são mulheres e que quer passar cá para fora este tipo de mensagens: como ser infiel com o melhor amigo do seu marido, como trair sem ser descoberta e outras piores que só de gente que usa avental às escondidas é que vêm. É por isso que essa revista existe. Para nada mais. E para ser barata, anda para a frente com os cupões de descontos. Fica a informação. Beijos da vossa admiradora Maria.
E se um dia quiserem fazer uma revista como deve ser aqui têm já a primeira voluntária.