sábado, 29 de agosto de 2015

Carta aberta ao João Lopes

Caro João Lopes,

Em primeiro lugar deixa-me apresentar-me. O meu nome é Maria e, segundo o teu raciocínio, sou mais uma das desistentes que abandonou Portugal sem dó nem piedade.

Podia-me ter sentido francamente ofendida com os minutos de antena que te deram na TVI. Não é o caso pois estou plenamente consciente que não troquei Portugal em busca do meu sonho americano.

Estudei 5 anos de farmácia em Portugal, em Lisboa e estou muito grata pela educação que recebi. Nunca esperei ter um embrulho no final do curso que lá dentro tivesse um emprego. Sabia que isso era difícil e só acontece com alguns e então procurei ir fazendo estágios e cursos adicionais que me acrescentassem valor. Tinha as armas todas para começar uma guerra que era muito mais difícil que aquilo que alguma vez imaginei. 

Comecei a procurar trabalho em Outubro e entre dinâmicas de grupo, testes psicotécnicos e entrevistas tive de tudo. Foram meses duros mas durante os quais aprendi muito. Se calhar dirias que além de desistente não sou suficientemente boa porque com tantas oportunidades nalguma devia ter ficado.

Em Março de 2015 "desisti". Fiz as malas e vim trabalhar para Barcelona. Mas queres saber como "desisti"? Com muitas lágrimas por deixar para trás os meus pais, os meus irmãos e os meus amigos. "Desisti" naquele último adeus em que não vale a pena tentar evitar mais o choro. "Desisti" quando a minha avó morreu e eu estava a 900 km de distância. "Desisti" quando me aconteceu trinta-por-uma-linha para conseguir os documentos necessários para trabalhar aqui.

E mesmo no meio de tantas desistências alegro-me de não olhar para o futuro "da maneira como tu olhas". É que devemos ter definições diferentes de esperança e perseverança. E alegro-me de não ser uma excepção como tu. De ser uma vulgar emigrante, sabes? Quando falas em "lutar" não deves tens noção que estar longe de casa é uma luta.

"Lá fora os salários são muito mais altos mas também se trabalha mais"

Muito bem, eu aceito o elogio de ser uma desistente. Mas nesse caso, cara excepção, teria de aceitar algum da nossa parte como "preguiçoso". O que te parece desta troca por troca?

Sim, os salários são mais altos mas não te esqueças que há uma renda para pagar, luz água e gás que não caem do céu e comida que não aparece na cozinha por milagre. Ah, e essa comida muitas vezes não vem cozinhada do super mercado, são os desistentes que a fazem depois de um dia de exploração. E as manhãs de sábado muitas vezes são passadas em limpezas. 

Ainda assim, tudo isso não me faz pensar que trabalho mais ou menos. É o que me toca.

Não quero que penses que estou infeliz com a minha vida de desistente. Pelo contrário, porque na verdade tem sido uma experiência muito rica quer a nível profissional como pessoal. Ainda que custe e que me magoe ter lutado por um país que não me deu oportunidades.  

O teu discurso tem tanto de errado como de contraditório. Porque afinal queres vir cá fora aprender qualquer coisa para voltar a Portugal iluminado. Certamente vais-te cruzar com algum português e vais ver como na sua essência de desistente não tem nada. Vais perceber que é possível ser feliz na saudade. E que apesar de longe há sempre espaço para querer uma pátria. 

Com os melhores cumprimentos,

Maria



sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Chuva de Verão | Some people feel the rain. Others just get wet

 
Bob Marley disse uma vez: "Some people feel the rain. Others just get wet!" Eu acho que sou daquele primeiro grupo de pessoas: os que sentem a chuva.
 
Para um açoriano a chuva faz parte da sua entidade, "num dia só, faz as 4 estações do ano" dizem os velhos ilhéus. E eu gosto da chuva. Gosto do barulho quando bate nos vidros. Gosto quando entra pelas gretas das pedras e pelas beiras das janelas. Gosto quando vem sem avisar, e eu só percebi depois que aquele era o melhor momento para refrescar as ideias.
 
 
Gosto do arco-íris que vem depois da chuva. Gosto daquele cheiro a petrichor (em grego: πέτρᾱ; transl.: pétrā, trad.: "pedra" + em grego: ἰχώρ; transl.: ichṓr; trad.: "fluido eterno", "sangue dos deuses" é o nome do aroma que a chuva provoca ao cair em solo seco.) Gosto daquele ducho de água quente depois de ter sido apanhada no meio da tempestade. Gosto de me sentir segura em casa enquanto chove. Gosto de estar a ler ao som do barulho dos pingos. Gosto de beber um chá enquanto chove, porque o chá fica com mais sabor.
 
 
Mas ontem a aventura foi maior, correr com a chuva, era de noite sem ninguém na cidade, que sorte, tinha Angra do Heroísmo só para mim, musica a minha companhia, com a certeza que os poucos a passar de carro duvidavam da minha lucidez,  e a chuva batia-me, disfarçava o esforço, dando vontade de aumentar a velocidade, "só vou dar uma volta pequenina, só mesmo para desanuviar" - mas estava bom de mais e não há nada melhor do que ir ver a chuva bater no mar, aquele cheiro aquela imagem, "vamos até à costa", mais uma corrida, ainda por cima os barcos não partiram para o mar-alto, os pescadores não arriscaram as inchas de Agosto, e a cidade era só minha.... e da chuva... porque Bob Marley disse uma vez: "algumas pessoas sentem a chuva. Outras apenas se molham!"



 

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Porque somos contra a imbecilidade #2


(NOTA: Não somos responsáveis pelo vocabulário do Luís Pedro Nunes, só estamos de acordo!)

Porque somos contra a imbecilidade #1

Faz-me confusão que um Ministério da Educação gaste dinheiro a fazer uma campanha contra este tipo de bestialidades - as praxes violentas. Afinal de contas trata-se de rapazes e raparigas que estão no ENSINO SUPERIOR. Acho que muitas das praxes mostram bem o nível de educação-valores-inteligência dos nossos alunos-universitários-futuros-doutores.
Tenham juizinho e deem uma enxada para a mão deste jovens, que há muita terra para lavrar no país.
Enquanto isso, ninguém é responsável pela morte de 6 Jovens na Praia do Meco.
 
 
 
 
"(...) O “não” – que no novo cartaz se destaca sobre o fundo vermelho – não é à praxe, mas a “condutas abusivas, humilhantes e vexatórias” – lembrou o MEC em Setembro de 2014, quando distribuiu pelo país 700 cartazes e 60 mil folhetos pela instituições de ensino superior do país. O objectivo, reitera, é “informar os estudantes recém-chegados ao ensino superior acerca do caráter voluntário da participação na praxe” e os restantes de que "ninguém pode ser discriminado por decidir não participar".
A campanha foi lançada na sequência do debate gerado pela morte, um ano antes, de seis estudantes da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, no Meco. E incluía a disponibilização de um endereço electrónico — o
praxesabusivas@mec.gov.pt, que se mantém activo.
Segundo o gabinete de imprensa do ministério,
as 74 denúncias enviadas para aquele e-mail chegaram entre Setembro e Dezembro. A maioria (41) foi encaminhada para as reitorias das universidades e para as presidências dos institutos. As restantes (33) não se enquadravam no âmbito da campanha”, fez saber a tutela em resposta ao PÚBLICO. Estão relacionadas, por exemplo, com o uso do traje académico. (...)"

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

inspire #14

 
 ( porque hoje é o dia 26 de Agosto )
 

"I thirst" - The gift God gave to Mother Teresa on Sep 10th


"Jesus wants me to tell you again, how much is the love He has for each one of you - beyond all that you can imagine. I worry some of you still have not really met Jesus - one to one - you and Jesus alone. We may spend time in chapel - but have you seen with the eyes of your soul how He looks at you with love?
Do you really know the living Jesus - not from books, but from being with Him in your heart? Have you heard the loving words He speaks to you? Ask for this grace, He is longing to give it. Never give up this daily intimate contact with Jesus as a real living Person - not just an idea.
How can we last - even one day living our life without hearing Jesus say "I love you" - impossible. Our soul needs that as much as the body needs to breathe the air. If not, prayer is dead - meditation is only thinking. Jesus wants you each to hear Him - speaking in the silence of your heart.
Be carefully of all that can block that personal being in touch with the living Jesus. The hurts of life, and sometimes your own mistakes - [they] make you feel it is impossible that Jesus really loves you, is really clinging to you. This is a danger for all of you. And so sad, because it is completely opposite of what Jesus is really wanting, waiting to tell you.
Not only He loves you, even more - He longs for you. He misses you when you don't come close. He thirsts for you. He loves you always, even when you don't feel worthy. Even if you are not accepted by others, even by yourself sometimes - He is the one who always accepts you.
My children, you don't have to be different for Jesus to love you. Only believe - you are precious to Him. Bring all you are suffering to His feet - only open your heart to be loved by Him as you are. He will do the rest.
You all know in your mind that Jesus loves you - but in this letter Mother wants to touch your heart instead. Jesus wants to stir up our hearts, so not to lose our early love...
Why is Mother saying these things? After reading [Pope John Paul II's] letter "I Thirst", I was struck so much - I can not tell you what I felt. His letter made me realize more than ever how beautiful is our vocation. How great is God's love for us in choosing [us] to satiate that thirst of Jesus, for love, for souls - giving us our special place in the Church. At the same time we are reminding the world of His thirst, something that was being forgotten.
I wrote to Holy Father to thank him. [His] letter is a sign... to go more into what is this great thirst for Jesus for each one. It is also a sign for Mother, that the time has come for me to speak openly of the gift God gave [on] Sept. 10th - to explain fully as I can what means for me the thirst of Jesus.
For me, Jesus' thirst is something so intimate - so I have felt shy until now to speak to you of Sept. 10th - I wanted to do as Our Lady who "kept all these things in her heart." Jesus' words on the wall of every MC chapel, they are not from the past only, but alive here and now, spoken to you. Do you believe it? If so, you will hear, you will feel His presence. Let it become as intimate for each of you, just as for Mother - this is the greatest joy you could give me.
Jesus Himself must be the one to say to you "I Thirst." Hear your own name. Not just once. Every day. If you listen with your heart, you will hear, you will understand.
Why does Jesus say "I thirst"? What does it mean? Something so hard to explain in words - if you remember anything from Mother's letter, remember this - "I thirst" is something much deeper than just Jesus saying "I love you." Until you know deep inside that Jesus thirsts for you - you can't begin to know who He wants to be for you. Or who He wants you to be for Him.
Before it was Our Lady pleading with Mother, now it is Mother in her name pleading with you - listen to Jesus' thirst.
How to approach the thirst of Jesus? Only one secret - the closer you come to Jesus, the better you will know His thirst. "Repent and believe", Jesus tells us. What are we to repent? Our indifference, our hardness of heart. What are we to believe? Jesus thirsts even now, in your heart and in the poor - He knows your weakness, He wants only your love, wants only the chance to love you. He is not bound by time. Whenever we come close to Him - we become partners of Our Lady, St John, Magdalen. Hear Him. Hear your own name. Make my joy and yours complete. "

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ainda existe boa publicidade (V)

A saga dos anúncios, com uma mensagem para além do comercial, continuam no HEart (para ver + clique AQUI)
Hoje trazemos uma pimenta bastante especial:
 
 
 
Dolmio uma marca italiana com fama no mundo Anglo-saxónico.(+ info's AQUI)  
 
 
disconnect to connect with family
 A pimenta que une as famílias.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Eu tenho dois amores

Que em nada são iguais.

E agora já consegui que uns tantos ficassem a cantar isto o resto do dia.

De verdade, eu tenho dois amores. Um onde deixei muitos amores e outro onde vou fazendo novos amores. Um que me viu crescer e outro que me obrigou a dar o salto. Um ao qual contei muitas histórias e outro que me faz viver novas. 

Oh se eu os pudesse juntar, a meio caminho, porque não?

Eu tenho dois amores e é tão particular o encontro com cada um. Com um perco-me durante horas pelas ruas com conversas de perder o fio à meada. Como se ele me quisesse conhecer tanto como eu a ele. O outro já me sabia de ginjeira, já adivinhava como queria o meu café ou os cigarros que fumava. 

Eu tenho dois amores e tenho espaço para os dois.

Um que me abriu os braços numa nova etapa e outro que o faz sempre que preciso de um pedaço de casa. Um que me responde no mesmo idioma, com o mesmo calão. Outro que às vezes demora a perceber o que eu quero dizer. 

Eu tenho dois amores que apesar de diferentes são iguais no essencial.

Um pelo qual já chorei umas tantas vezes e outro que me limpou as lágrimas e acelera minha bradicardia a cada dia que passa.


E sejam quais forem as diferenças acho que vou ter sempre saudades dos dois.



a moda do não sorrir já era | by Zara

A importância de um sorriso:
(artigo d'Observador)

"Passaram anos invadidos por um fenómeno qualquer que os impedia de sorrir. Mas este outono, os modelos da Zara já rasgam o rosto com felicidade. O que se passaria com eles?A grande revolução da moda deste outono-inverno não são as golas-chaminé, nem os veludos ou as linhas direitas. Ou se quisermos tudo isto faz parte do ciclo de mudanças habituais de cada estação. A grande, grande mudança é que as modelos da Zara já riem. E se tivermos em conta o peso que a marca criada por Amancio Ortega tem na vida de milhões de mulheres acreditem que esta alteração é de monta.A pergunta “Porque não riem as modelos da Zara?” animou nos últimos meses discussões na blogosfera e até chegou às páginas do El País: “o que se passa com as modelos da Zara.com? É desassossego. Os ombros pesam-lhes. Vão encurvadas pela vida. Nem a primavera nem o estrear de um jersey com os ombros descobertos lhes prova a mínima alegria. Sentem um vazio existencial. Olham para o chão cabisbaixas”.A bloguer Alicia Santiago que lançara a questão da tremenda tristeza das modelos da Zara não poupava na ironia na hora de comentar as fotos da página online da grande empresa do têxtil mundial: “Olá, vesti esta camisa azul farda de hospital porque me vão fazer uma ecografia na porta 5 e estou um pouco nervosa e cabisbaixa”, “há vários dias que não tomo o pequeno-almoço por causa da pressa. Amancio, não terás uma modelo com mais 150 gramas que encha o rabo das calças?”, “estou desamparada”.
 
 

The 10 things Jesus wants YOU to know about Confession

All these things were spoken from Jesus to Saint Faustina, the disciple chosen by Jesus to tell the whole world about his Divine Mercy, and they are all written in her Diary.


Interesting fact: Saint John Paul II said the happiest day of his life was the day Saint Faustina was canonized

 1) It is Jesus you meet when you go to confession! You confess your sins to Jesus, not the priest

“Make your confession before Me. The person of the priest is, for Me, only a screen. Never analyze what sort of a priest it is that I am making use of; open your soul in confession as you would to Me, and I will fill it with My light” (1725).

“My daughter, tell him everything and reveal your soul to him as you do before Me. Do not fear anything. It is to keep you in peace that I place this priest between your soul and Myself. The words he will speak to you are My words. Reveal to him your soul's greatest secrets. I will give him light to know your soul.” (232).

“I Myself am the spiritual guide of souls and I guide them indirectly through the priest, and lead each one to sanctity by a road known to Me alone” (1784)

2) The greatest miracles do not take place in pilgrimages, but in Confession! (and they are incessantly repeated!!)

“Tell souls where they are to look for solace; that is, in the Tribunal of Mercy. There the greatest miracles take place [and] are incessantly repeated. To avail oneself of this miracle, it is not necessary to go on a great pilgrimage or to carry out some external ceremony; it suffices to come with faith to the feet of My representative and to reveal to him one's misery, and the miracle of Divine Mercy will be fully demonstrated. “(1448)

3) Confession leads the soul to perfection!

“Let Souls who are striving for perfection particularly adore My mercy, because the abundance of graces which I grant them flows from My mercy.” (1578)

4) Jesus is actually waiting for you right now in Confession!

“When you approach the confessional, know this, that I Myself am waiting there for you. I am only hidden by the priest, but I myself act in your soul. Here the misery of the soul meets the God of mercy. Tell souls that from this fount of mercy souls draw graces solely with the vessel of trust.” (1602)

5) The greater your trust in Jesus’ mercy, the greater the graces you will receive!

“I desire to grant unimaginable graces to those souls who trust in My mercy” (687).

“If their trust is great, there is no limit to My generosity. The torrents of grace inundate humble souls. The proud remain always in poverty and misery, because My grace turns away from them to humble souls. “(1602)

“I am Love and Mercy itself. When a soul approaches Me with trust, I fill it with such an abundance of graces that it cannot contain them within itself, but radiates them to other souls" (1074).

“Daughter, when you go to confession, to this fountain of My mercy, the Blood and Water which came forth from My Heart always flows down upon your soul and ennobles it. Every time you go to confession, immerse yourself in My mercy, with great trust, so that I may pour the bounty of My grace upon your soul.” (1602)

6) Postponing  Confession displeases Jesus

“The flames of mercy are burning me. I desire to pour them out upon human souls. Oh, what pain they cause Me when they do not want to accept them!” (1074)

“Do not put off the Sacrament of Penance, because this displeases Me. “(1464).

7) If you don’t go to confession, you will regret it later

“Oh, how miserable are those who do not take advantage of the miracle of God's mercy! You will call out in vain, but it will be too late.” (1448)

8) You hurt Jesus when you don’t receive him in Communion. But you hurt him even more if you don’t receive him with trust and a pure heart

“Oh, how painful it is to Me that souls so seldom unite themselves to Me in Holy Communion. I wait for souls, and they are indifferent toward Me. I love them tenderly and sincerely, and they distrust Me. I want to lavish My graces on them, and they do not want to accept them. They treat Me as a dead object, whereas My Heart is full of love and mercy.”(1447)

“It pains Me very much when religious souls receive the Sacrament of Love merely out of habit, as if they did not distinguish this food. I find neither faith nor love in their hearts. I go to such souls with great reluctance. It would be better if they did not receive Me” (Diary, 1288).

9) The greater the sinner, the greater his right to Jesus’ mercy

 “The greater the sinner, the greater the right he has to My mercy. My mercy is confirmed in every work of My hands. He who trusts in My mercy will not perish, for all his affairs are Mine” (723)

10) Jesus leads us to sanctity through the sacrament of reconciliation

“I Myself am the spiritual guide of souls and I guide them indirectly through the priest, and [I] lead each one to sanctity by a road known to Me alone” (1784)


Saint Faustina Kowalska, pray for us! 

inspire #13

UMA RECOMENDAÇÃO PARA AS FÉRIAS EM FAMÍLIA:
 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Round of applause for Hilton Hotels

 
Hilton announces removal of all porn channels from hotels
"They realized it didn't make sense to be against that while promoting pornography, which is so closely connected to it. Sex traffickers use pornography to sell prostitution. It's all connected"
 
+ info's clique aqui: LifeSiteNews
 
 
 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

About my roommates

Escrevo isto com a certeza que elas vão perceber 70% e não corro o risco de ter as malas à porta de casa quando chegar.

Com a certeza que na minha agenda, em Agosto de 2014, os planos estavam longe da Bolívia e de El Salvador.
Com a certeza de que não há nada como não ter certeza nenhuma.
Elas são a família que eu não escolhi. Calharam-me na rifa mas rapidamente houve um match e pouco a pouco as conversas na varanda foram-se tornando cada vez mais largas.
São as irmãs que eu não escolhi mas as que mais me fazem lembrar as que agora estão longe.
É com elas que partilho desde os pormenores mais insignificantes até ao que faz bater mais forte o meu coração. As promoções da semana no supermercado, a fruta que desta vez não estava tão boa ou os típicos dilemas ele-viu-a-mensagem-e-não-respondeu.
É ter um grupo no whatsapp e falar ai quando já estamos todas deitadas.
É ter sempre um cantinho na almofada ou um pacote de leite quando há preguiça de ir às compras.
É ter ajuda para montar móveis que mais parecem quebra-cabeças.

As vezes é mais que contar historias, é vive-las juntas.


sounds of the heart #2

 
Matisyahu, para mim um dos melhores cantores de reggae da actualidade, viu o seu concerto cancelado no festival espanhol Rototom Sunplash, por ser um defensor do Estado de Israel, quem conhece sabe perfeitamente que Matisyahu é um Judeu praticante.
Chateia-me esta falta de liberdade dos que se acham muito livres! Assim, para ser digno de actuar em tal festival, obrigaram o meu Matisyahu a fazer declarações politicas contra o Estado de Israel.
Ao longo da história, sempre vi a musica como um instrumento da liberdade, e sobretudo da liberdade politica. Tenho pena.
Por outras palavras, o que aconteceu aqui foi:
  • Antissemitismo;
  • Um atentado à Liberdade Religiosa;
  • Estalinismo moderno;
  • Censura;
  • Discriminação
  • E, por fim, um atentado à liberdade artística.
Matisyahu, obrigada por toda a companhia que me fizeste durante a Faculdade:
 
 

Moda & Política

Moda & Politica, porque não?
Na crónica de Manuel Serrão, sobre o vestido da nossa Ministra Assunção Cristas, é claro o impacto que tem uma roupa, a mensagem que transmite.
Um vestido também pode ter uma mensagem verdadeiramente politica-protecionistas-económica: as pêras Rocha's do vestido da Ministra.



"A propósito de um vestido estampado com pera-rocha que a ministra Assunção Cristas usou no Algarve (...) vou tentar explicar porque é que fazer bem em Portugal passa muitas vezes por "vestir a camisola" e despir os preconceitos.
Vestir a camisola - Assisti "in loco" ao desfile da coleção que a estilista Katty Xiomara concebeu e produziu para o jantar oficial que consagrou a presença de Portugal como país convidado da Fruit Logístic, a maior feira mundial de frutas e legumes, que se realizou em Berlim no início do ano. Sou por isso testemunha da surpresa e agrado generalizado do sucesso que constituiu essa iniciativa da Portugal Fresh junto de uma vasta plateia de produtores agroalimentares, agentes e compradores do setor. Na mesa de honra, entre outras personalidades, estava o ministro alemão da Agricultura, o número dois do Governo português, Paulo Portas, e Assunção Cristas. Na circunstância, fui portador dos cumprimentos e parabéns dos dois membros do Governo luso para a minha amiga Katty Xiomara, que só não esteve em Berlim porque estava na mesma semana a expor numa feira de moda em Londres. Em conversa rápida no final do desfile, Assunção Cristas confidenciou ao presidente da associação de produtores responsável pela presença dos portugueses na feira alemã, que tinha gostado tanto do que viu que não se importaria de usar um dos vestidos se eles estivessem à venda.
Efetivamente o conjunto de coordenados encomendados pela Portugal Fresh à conhecida estilista portuense eram modelos únicos, todos com estampados de frutas e legumes nacionais e apenas destinados ao fim descrito. Mas as palavras da ministra não caíram em saco roto e algum tempo depois, Manuel Évora e Gonçalo Santos Andrade, presidente e diretor-geral da Portugal Fresh, foram com Katty Xiomara entregar a Assunção Cristas alguns dos vestidos que integravam a coleção. Devo confessar que sempre julguei que a simpatia da ministra ficaria por aí e fiquei sinceramente espantado quando a vi em público, nas televisões e nos jornais, com um desses modelos vestidos. Que bem lhe ficava!
Numa época em que precisamos tanto de políticos que façam o que prometem e que sejam capazes de despir alguns preconceitos para afirmar o que Portugal faz bem, esta atitude da ministra Assunção Cristas calou bem fundo certamente nos produtores portugueses, que tanto têm lutado para promover as suas frutas e legumes no país e no estrangeiro. Neste momento muitos hão de estar a dizer que têm uma ministra... e peras! (...)"
Manuel Serrão, Uma ministra e peras
Tirado d'AQUI: Povo 

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Dress Code | Bia Kawasaki

Muito útil para quem vai entrar no faculdade, para quem vai ter entrevistas de trabalho, para quem vai entrar num novo trabalho ou para quem está a trabalhar ou para quem está por casa... útil para todos em qualquer lugar...
No meu ver os melhores conselhos de consultoria de imagem no trabalho.
 
 
 
Dress Code: Entrevista com Bia Kawasaki.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

post d'época

Ontem alguém me queixou que estava farta daquelas pessoas que confundem leggings com calças.
Hoje lembrei-me desta perola da  Bumba na fofinha
Apesar da Maria de Belém apresentar a sua candidatura, ainda estamos na Silly Season por isso aqui fica o texto d'época.
 
 
 

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

inspire #12

Boa-Segunda-feira
....para o começo da semana....
 

sounds of the heart:

é impressão minha ou este hit dos Capital Cities promove o casamento?
One Minute More | a ouvir
"(...) Two stars, one constellation (...)"
 
 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

#‎SaveSyriasChildren

Deixe de incoerências, de estar mais preocupados com a vida de um Leão, deixe de fingir que não é nada consigo, deixe de se deitar com a consciência tranquila, deixe de fechar os olhos como.... o mundo estivesse em paz!
 
 
This Can Happen To Anyone

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O-filho-do-meio

Hoje quando abri o computador, percebi que era o meu dia, graças à Rádio comercial.
O dia do irmão sandwich, o filho que não tem nada de novo, nem é o primeiro, o mais velho, nem é o mais novo, o mais protegido, é mesmo o coitadinho do filho-do-meio!
Aqui ficam 19 situações comuns para o irmão do meio: Clique AQUI
Mesmo assim é tão bom ser irmão-do-meio, porque é sinal que temos irmãos!

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Desabafos #2

(Devo confessar que cada vez mais aprecio estes mártires do cotidiano, gente que tem coragem de dizer o que pensa em difíceis circunstâncias, não abdicando dos seus valores por uma melhor vida profissional)
 
 
"No amo tanto mi carrera para permanecer callado ante el aborto. Defiendo a todos los niños no nacidos".
Jim Caviezel, actor.
 
(+ info's AQUI)

inspire #11

-Look at this-
When Love's (really) wins
#Casamento
#MeAndYou
 

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

...entre a vida e a morte...

Henrique Raposo comenta o maravilhoso testemunho de Paulo Varela Gomes
(clique aqui: "Morrer é mais difícil do que parece")
 
 
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Cancro e suicídio
Paulo Varela Gomes publicou na “Granta” um texto muito cá de casa, porque fala de cancro e suicídio. É que o suicídio corre forte na minha família, cortesia da herança alentejana. No Alentejo, sobretudo no meu, entre Santiago e Odemira, o suicídio é tão natural como o vento a passar nos sobreiros, é encarado como um acontecimento da história natural e não da história humana, é visto como acto amoral da natureza e não como escolha moral do homem. É maremoto de Neptuno, e não opção do Zé. Aceita-se sem escândalo. Nos velórios oiço sempre esta frase: “temos de respeitar a escolha dele, não é verdade?”. Não, não é verdade. Há dias, numa aldeia perdida, quis entrar num restaurante mas estava fechado. Uma senhora que passava, baixa, de negro, mãos severas, avisou-me: “’tá fechado, ele matou-se. Tá vendo aquele ajuntamento além? É o funeral”. Ela proferiu estas palavras com uma naturalidade desapiedada, como se estivesse a comentar o tempo, a forma das nuvens ou o canito da vizinha. O tom da voz não se alterou, ficou plano como a planície. Era como se o senhor tivesse ido trocar uma nota na loja ao lado.
Em reacção a esta cultura, sempre fui um crítico do suicida. Até me lembro de um episódio tumultuoso na escola: num workshop de prevenção do suicídio, levantei-me no auditório para dizer que o suicida é um cobarde. Recebi uma saraivada de tomates. Saraivada merecida, diga-se. A questão não é assim tão primária. A cabeça do suicida é a morada postal de uma dor que não pode ser chutada para a baliza que vai da coragem à cobardia. E confesso que sinto uma admiração, digamos, literária pelo suicida. O seu mistério atrai-me. Contudo, aquela opinião juvenil e precipitada já continha aquilo que defendo hoje: o meu herói é aquele que fica, que resiste, que encara a derrota. Se posso respeitar um suicida em concreto, posso e devo rejeitar a cultura do suicídio que existe no Alentejo, uma cultura que vai da relativização natural até à explícita romantização, “ele foi muito homem, muito corajoso”. Até porque, como diz Paulo Varela Gomes, há no suicida um grama de prosápia, de ego que recusa o cheiro da figueira ao pôr do sol, de ego que não se deixa amparar pelos outros, de ego que se fecha num silêncio imune às palavras e gestos de quem o ama. E se há coisa que o alentejano domina é este silêncio altivo. Freud dizia que a psicanálise não funcionava com os irlandeses, porque eles não falam. Está visto que Freud nunca foi à planície.
Nesse texto abençoado, Paulo Varela Gomes conta como o cancro o conduziu até à beira do suicídio para depois o reconduzir à fé, numa espécie de montanha russa teológica. Percebo, admiro e comovo-me com o volte-face. A minha recente aproximação a Deus e as minhas tentativas de regresso à Igreja que me baptizou são também respostas à cultura de suicídio das minhas raízes, são contra-ataques, são investidas sobre aquele sussurro negro e melífluo. Varela Gomes diz que “há muita gente a rezar por mim e é com alegria que agradeço a todos”. Eu, que estou a aprender a rezar, rezarei hoje por ele e pelos meus que já cometeram ou pensam cometer suicídio. Não estão sozinhos.
Henrique Raposo
Crónica Expresso, 21 junho

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

a Vão, a Pilar e a Maria (#2)

(como muitos dos nossos leitores gostaram da entrevista da Vão no Jornal i: deixamos a 2º parte. Desta fez o programa Você na Tv)
 
Para ver: Clique AQUI
 
 
 

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

a Vão, a Pilar e a Maria

Estava ainda na faculdade, a investigar para a tese, talvez pelo meu temperamento desconcentrado, andava de biblioteca-em-biblioteca, naquela manhã tinha escolhido um local calmo para estudar, era um clube de universitárias em Entrecampos, relativamente perto da Universidade, com uma optima sala de estudo.
Naquele dia - era um dia mais confuso do que habitual - estavam a decorrer aulas para todas as idades,  com mais movimento dei por mim a entrar ao mesmo tempo que uma simpática senhora acompanhada pela sua filha, mais tarde conheci-a melhor, chamava-se Maria João e todos a tratam por Vão, não demorou muito tempo para constatar que era uma grande mulher. A filha chama-se Pilar, uma menina especial, mesmo muito especial. 
A Pilar tem Trissomia 21, é uma menina delicada e alegre, naquela manhã a Pilar deu-me um dos maiores exemplos de fé que eu já tive. (fica para outro post!) por isso foi com muita, mesmo muita alegria que esbarrei com a seguinte reportagem do Jornal i,  a entrevista sobre a Vão, sobre a sua família, sobre a esperança e a felicidade que é ter uma menina tão especial como a Pilar.Fiquei mais dignificada com a coragem desta mãe.
Aliando-se a outra grande jovem, a Maria Calderón. É com muito orgulho que a Vão, a Pilar e a Maria fazem parte da minha vida, com cada uma delas aprendi coisas diferentes, por isso espero que as suas vidas sejam exemplo para + e + e + mulheres.....
 
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Maria João (Vão). Esta vida dava um livro. E deu

Reportagem Jornal i
 
Pilar é uma miúda normal com Trissomia 21. A mãe de Pilar é uma mãe anormal que tem sete filhos e move mundos para conseguir mostrar que estes miúdos são capazes se lhes derem uma hipótese. Conseguiu adaptar um livro de amor para a filha ler e montar uma exposição à séria que mostra arte para lá dos riscos.
Maria João, Vão para os amigos, trabalhava na Thompson. Quando foi à entrevista de emprego e lhe fizeram a pergunta da praxe sobre onde se imaginava daí a dez anos não respondeu, como seria de esperar, uma grande publicitária. Em vez disso, disse que se via como mãe. Pouco tempo depois os colegas faziam uma festa de despedida e entregavam-lhe um cartaz com ela montada na moto – o seu meio de transporte –, com mochila e bebé às costas e já com um enorme barrigão. Estava grávida pela segunda vez e, agora, talvez estivesse mesmo na hora de mudar de vida.
Vão tem oito filhos, a começar por Pilar, com 20, e a acabar no João, com apenas quatro. Um, o Lourenço, já está no céu e vela por todos desde os três anos de idade. Era o terceiro e a maioria dos manos nem chegou a conhecê-lo, mas Vão acredita que tem mais este anjo-da-guarda com todas as forças. Tantas que todos lhe rezam uma oração sempre que há um pedido especial. E, já se sabe, há sempre muitos pedidos especiais, sobretudo na casa de uma família numerosa. Mais recentemente foi a vez de Pilar: “Oh, Ron, dá-me um namorado!”. Pilar, a primeira filha, nasceu com Trissomia 21, uma malformação genética que afecta cerca de 15 mil pessoas em Portugal.
“Digo sempre que abri com chave de ouro. E tive sorte desde o primeiro segundo, houve muita coisa boa logo ali, de chofre”, conta Vão. “Uns amigos têm uma filha com paralisia cerebral profunda e antes de sermos pais tínhamos um exemplo de que é possível viver com naturalidade. Não tem de ser de uma forma estúpida e anormal, embora ninguém esteja à espera, e nem queira, que ela faça determinadas coisas”.
A gravidez correu normalmente. “Foi o Luís [marido] que me disse, não foram os médicos, e é logo uma forma mais suave de receber a notícia. Mal estava a acabar de me contar, já a minha mãe entrava pelo quarto a gritar “parabéns filha, foste abençoada”, e eu só pensava, “ops”. Mas mãe é mãe, se ela diz, nós confiamos. E foi tudo acontecendo fácil”.
O parto foi no Hospital São Francisco Xavier, no Restelo, em Lisboa, “mas passámos muitas horas de angústia em Santa Maria, as nossas e as dos que estavam ao nosso lado. Foram dias pesados”, relembra. “A Pilar ficou com mil tubos e 1500 maleitas, todos os dias lhe tiravam um tubinho até nos virmos embora. Mas deixou lá tudo e nunca mais teve nada”.


 
Pilar trabalha há dois anos no Lar da Criança, onde teve aulas, como auxiliar de acção educativa. Vai e volta feliz da vida com o trabalho
 
E, a lei das probabilidades tem destas coisas, o director americano de Vão na agência Thompson era padrinho de baptismo de uma miúda com Síndrome de Down e, por isso, sabia melhor do que ninguém os timings, as angústias e as necessidades por que Vão iria passar. “Deram-me uma licença sem vencimento enorme, foram extraordinários”.
Hoje, Pilar é uma mulher. Uma menina/mulher, “de uma sensibilidade enorme, a primeira a topar que estou triste, apanha tudo no ar e, como se não fosse nada, passa por mim e faz-me uma festa ou dá-me um beijinho, sem dar nas vistas, mas muito certeira”, conta a mãe. 
Vão está envolvida em muita coisa, além da família. Desde que Pilar nasceu ficou ligada à APPT21 – Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21, que faz parte do centro Diferenças, fundado pelo médico Miguel Palha (pai de Teresinha, que também tem Síndrome de Down), e que este ano faz 25 anos, celebrados com pompa e circunstância, sob sua responsabilidade.
Logo que nasceu, Pilar foi vista por Miguel Palha. “Mandou-me fazer 30 mil coisas e eu tinha acabado de ser mãe, achei que o homem estava louco, no mínimo. Voltei-me para ele e disse-lhe: desculpe lá, mas agora vou para casa processar isto tudo que me disse e depois logo vejo. Ele não ficou feliz e respondeu-me que não tinha tempo a perder e que eu queria ou não queria”, recorda. Na altura Luís ainda disse a Vão que ela ou tinha ganho um amigo para a vida ou nunca mais o iria ver. Venceu a parte do amigo.
No dia em que Lourenço morreu, num acidente na piscina, Vão tinha uma consulta com a Pilar em Lisboa e telefonou a desmarcar. Pouco tempo depois chegava ao monte, no Alentejo, uma carrinha com terapeutras do Diferenças. “Lembro-me de ele contar [emociona-se] que tinha achado curioso ver-me nessa noite ajoelhada com os meus filhos a rezar, antes de os deitar, como fazíamos sempre, e ouvir-me dizer: “Ron, uma vez que já estás aí em cima, toma conta de nós”. Aquelas coisas que nos saem... Acho que a fé tem sido sempre o que me tem ajudado a ultrapassar isto. Mas dá dores de barriga e tem dias, tem dias… Sabe, às vezes estou no monte e ando à procura de alguém, dou comigo na piscina e penso, que estúpida Maria João, não te chega um?”.

Um livro muito especial 
“A Pilar trouxe muitas coisas boas para as nossas vidas”, diz Vão enternecida. Como qualquer miúda, gosta de acompanhar e imitar as raparigas da sua idade. “Outro dia saquei-lhe da carteira o “Amor de Perdição”. Ela é muito empenhada e esforçada, mas não consegue ler aquilo e comecei a pensar o que poderia fazer para ela ler um livro até ao fim. Pensei que o ideal seria se alguém escrevesse um livro adaptado e se o pudesse lançar agora, nos 25 anos da APPT21. Mas além de precisar que me escrevessem o livro numa semana, precisava de quem o editasse”, recorda Vão. “Tudo isto tem sido uma sucessão de coincidências: uma amiga lembrou-se da Maria Calderón Pimentel, que está na faixa etária da Pilar e escreveu recentemente um livro, e outra falou-me na Chiado Editora. A Maria foi amorosa e disse apenas que o tempo era pouco, só se fosse para adaptar o livro dela... Ora adaptar sempre foi o meu objectivo, pois isso tinha a tal verdade que para mim é significativa. A Chiado Editora também aceitou logo o desafio e em duas semanas o livro estava pronto para fecharmos a exposição “Pintar Para Lá Dos Riscos”, na Galeria de São Mamede, no Chiado, em Lisboa”. Mas esta é outra aventura, já lá vamos.
A adaptação de “Ainda Bem Que Não Levei o Guarda-chuva” para miúdos com Trissomia 21 ou com outras dificuldades de aprendizagem está a ser um êxito. O corpo da letra é maior, as frases são mais curtas e menos adjectivadas e é tudo mais palpável e menos abstracto. Maria teve, por acaso, uma conversa com Pilar que lhe pediu para fazer um livro com muito romance, o que ela respeitou rigorosamente.
Logo que recebeu o primeiro capítulo, Pilar ficou tão derretida que só dizia: “Ó mãe, quando é que a Maria manda mais?”. Pouco tempo depois de ter recebido o livro completo, na praia, “achei a maior graça, porque estava ela com o seu dedinho, finalmente, a ler. Eu dizia sempre que o meu sonho é que a minha filha fosse trabalhar para o bronze a ler um livro, que não fingisse que estava a ler só para copiar as amigas: o protector solar, o bronze e um livro, que é o que elas fazem”, ri-se a mãe. “Claro, já perguntou quando vem próximo. Ainda não sei, mas vou ter de saber”.
O livro foi o corolário da exposição, o tal evento pedido por Miguel Palha para celebrar os 25 anos da APPT21. “Pediu-me para fazer um leilão de pintura, mas achei uma coisa fria, que não tem a ver comigo, e fiz uma contra-proposta. A Pilar gosta imenso de pintar e pensei que era giro pôr estes miúdos a pintar e mostrar as suas artes e os seus dotes. Além disso, para fazer a exposição, achei que pedir aos pintores uma obra era pouco – a minha mãe ensinou-me que quando pedimos, pedimos a sério [risos] – como dizia a Madre Teresa de Calcutá, só depois de doer é que estamos a dar”, conta Vão.
Dentro deste espírito, nada melhor do que, além de pedir a cada pintor uma obra, e “como retorno dessa gratidão”, pedir-lhes que recebessem os miúdos e pintassem com eles um quadro. O resultado foi um pleno. “A experiência foi fantástica para todos, mas para quem foi mais extraordinária foi para as mães. Porque as mães estavam receosas, os filhos não gostam das texturas, têm uma motricidade fina péssima, não gostam, à partida, deste género de actividades. Mas quando perceberam que estavam a criar uma coisa bela mudaram de atitude e vibraram. E com eles, vibraram as mães”.
Participaram crianças de norte a sul do país, perto de 30, bem como 30 artistas, quase todos pintores. “Não quis ficar por Lisboa, havia uma criança de Coimbra, outra do Algarve. Era uma criança por artista, para criar uma relação de um para um, porque me pareceu importante haver a tal relação, que eles se passassem a achar a maior graça uns aos outros. E acho que isso aconteceu”.

Ao longo da exposição foram acontecendo diversos eventos, como um café dos artistas, em que estes se dispunham a conversar com os visitantes, um concerto, uma sessão de esclarecimento com terapeutas do centro Diferenças, entre outros. “Nesse dia falei bastante com um miúdo que me fez perguntas curiosíssimas, porque tinha uma tia de 60 anos com Trissomia 21. Queria saber se eu achava que a Pilar ia ser como a tia, mas já tinha percebido que a minha filha fazia coisas que a tia não fazia. Expliquei-lhe que a minha preocupação em realizar dinheiro com este projecto tem a ver com a importância da intervenção precoce. Uma miúda com Síndrome de Down com 20 anos hoje não é o mesmo que há 20 anos. Reconheço que atacar desde o início é das coisas mais importantes e faz uma diferença brutal, independentemente de todas as diferenças de cada um, da família em que estão integrados. Tem um peso muito significativo no desenvolvimento”, explica Vão. Tudo o que se fizer mais cedo vai ajudar mais tarde, significa poder esperar mais e “dar a estas pessoas uma vida mais útil em todos os sentidos”.
Esta é uma lição importante. “Não queremos que as pessoas com Trissomia 21 sejam um grupo à parte, conscientes de que são diferentes. Uma das perguntas que o miúdo me fez foi: a Pilar sabe que é deficiente, disse-lhe que ela é deficiente? Sim, sabe, eu digo-lhe. Ele estava horrorizado. Mas, para mim, isso é muito importante e disse-lhe porquê, até porque em alguns momentos isso a consola, quando percebe que é diferente, que lhe são vedadas oportunidades que aos outros estão abertas. Ainda assim, em 2015, há muita coisa que não é fácil porque as pessoas não acreditam que eles são capazes. E há muita coisa de que eles são capazes. E seriam ainda mais capazes se lhes fosse dada a oportunidade de tentarem sem condescendência”. 
Um exemplo? A Pilar adora fotografia e pergunta: “Ó mãe, eu não podia ser fotógrafa de casamentos?” Vão garante que “ela tem um jeitão para fotografia, mas não é a fotografia banal, fotografa fantasticamente e nunca teve ninguém a explicar-lhe o que quer que fosse dois segundos, porque ninguém tem pachorra e não há workshops onde uma pessoa com Trissomia 21 possa, de forma séria, participar. E é este tipo de coisas que temos de ir mudando para as pessoas perceberem que é possível. Tem de se gerir a diferença com verdade. Eu gostava que este projecto ajudasse a isso, fosse uma oportunidade real. Não é irem para o jornal distribuir correio. Quer dizer, também pode ser que seja, mas não tem de ser isso”.
 
Tirada d'AQUI