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sábado, 30 de abril de 2016

Enquanto estou vivo não estou morto

A 10 de Abril de 2015, há pouco mais de um ano, o historiador Paulo Varela Gomes dava um testemunho incrível sobre a sua vida, a sua doença e as suas fragilidades. Sem floreados, com os medos próprios de um homem falível, demonstra que mesmo assim é possível ter esperança e viver plenamente. Até hoje. Morreu o autor destas palavras:

"Cheguei à mais simples conclusão do mundo: estava vivo e, enquanto assim estivesse, não estava morto. "

Hoje está morto, mas estas palavras podem ajudar muitos outros a viver.
Leiam o seu testemunho humaníssimo aqui.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

“Este cancro salvou-me a vida”

Numa altura em que Sofia Ribeiro assumiu publicamente querer "seguir o exemplo dos milhares de Mulheres, guerreiras, que conseguiram ganhar ao cancro", a pergunta torna-se inevitável: Afinal, a batalha só é ganha se se sobreviver? Ou a vida pode ser salva de outra forma?
26-11-2015 - Um médico oncologista do hospital hebraico de Montreal recorda a amizade que nasceu com Carla, uma doente, nos meses antes de sua morte. As férias com a comunidade e “o enamoramento” que a fez sentir-se mais viva que nunca
Pode um homem nascer de novo sendo velho? Estarei para sempre agradecido pela possibilidade de lembrar a minha amizade com a Carla, que me põe em condições de responder a essa pergunta. Eu sou médico oncologista no hospital hebraico de Montreal e conheci a Carla há dois anos, quando lhe foi diagnosticado um cancro da mama em estado avançado.

(...) Ela tinha criado uma espécie de carapaça, dedicando muito do seu tempo ao trabalho numa instituição de Protecção da Infância num cargo de responsabilidade e enfrentando muitos casos difíceis. Nunca tinha casado e estava acostumada a dar ordens e a ter o comando. Mas é um grande problema quando se tem um diagnóstico de cancro em estado avançado, porque isso despedaça completamente a sensação de teres o controlo das coisas e te obriga a cuidar de ti próprio em e não dos outros, fazendo-te sentir de certo modo mais vulnerável.

(...) Era evidente que ela estava a lutar contra a sensação de não ter o controlo e ia aos poucos aceitando os seus novos limites físicos. Além dos sintomas do cancro e dos efeitos secundários das terapias, discutíamos muitas vezes sobre a liberdade e a dependência, sobre aceitar o facto de termos sido amados primeiro e sobre o reconhecimento da presença de Deus em cada circunstância. As perguntas dela eram as mesmas que eu tinha e eu não podia mentir. Conversando sobre o seu trabalho na Protecção da Infância, eu falei-lhe nos dois irmãozinhos que adoptei. Perante aquelas perguntas eu só podia falar da minha experiência e dos meus amigos: os mesmos amigos que ela conheceu pela primeira vez no nosso concerto de Natal, no qual participou com a sua irmã e familiares.

Lentamente o rosto dela começou a mudar, assim como a sua atitude. Livre. Com a liberdade que vem duma gratidão. O ponto de não retorno para ela foram as férias com os adultos e as famílias de CL, em que ela participou com a sua bengala e uma grande curiosidade. É difícil descrever o que lhe aconteceu lá a não ser com o termo “enamoramento”. Na volta das férias ela começou a ler e a informar-se sobre o Movimento e a perguntar à Paula sobre a nossa história e a nossa amizade. A par da beleza que ela tinha visto, aquilo que tinha conquistado a Carla era o facto de que a sua liberdade era continuamente provocada e jamais forçada. Quando a irmã dela lhe começou a fazer perguntas, mostrando uma certa curiosidade pelo Movimento, a Carla disse: “Eu nunca vi nada parecido. Nas férias eu chorava todos os dias no meu quarto, de tal maneira me sentia arrebatada por tudo aquilo... Não tenho certeza de que estejas realmente pronta para isso!”... Não era exatamente o “Vinde e vede” do Evangelho, mas felizmente isso não desencorajou a irmã de Carla, que em Setembro começou a frequentar a Escola de Comunidade com ela.

(...) Poucas semanas antes de morrer, Carla teve a possibilidade de participar num casamento, acompanhada por um amigo da comunidade. À mesa, radiosa com a sua peruca, que ela na realidade odiava, tinha começado a contar a todos os seus velhos amigos – entre os quais muitos judeus – o seu encontro com o Movimento. “Este cancro salvou-me a vida. Digo realmente. Não sou ingénua, sei muito bem que vou morrer em breve, mas nunca estive tão viva. Vocês também precisam de ver o que eu vi, nunca vi nada parecido”.
Podem ler este fortíssimo testemunho na íntegra aqui.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Liga portuguesa Contra o Cancro

Recebi um mail de uma amiga - também leitora do <3 - este mail não me foi indiferente, já vivi de perto esta dura realidade do cancro, já vi partir gente a mais, já vi muitas lágrimas e muita dor..
Por isso decidi partilhar:

Queridos amigos,
Para que o acesso equitativo ao programa de rastreio de base populacional do cancro da mama em todo país seja garantido, para que exista acesso em tempo útil a um serviço hospitalar com capacidade, para que se garanta o acesso aos melhores tratamentos disponíveis, para que os doentes tenham acesso toda a informação existente sobre o cancro e para que os cidadãos, doentes ou familiares possam ter voz activa nas decisões públicas sobre o cancro assinem a petição disponível no site da LPCC (envio o link abaixo). 
 
 

sábado, 31 de outubro de 2015

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

...entre a vida e a morte...

Henrique Raposo comenta o maravilhoso testemunho de Paulo Varela Gomes
(clique aqui: "Morrer é mais difícil do que parece")
 
 
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Cancro e suicídio
Paulo Varela Gomes publicou na “Granta” um texto muito cá de casa, porque fala de cancro e suicídio. É que o suicídio corre forte na minha família, cortesia da herança alentejana. No Alentejo, sobretudo no meu, entre Santiago e Odemira, o suicídio é tão natural como o vento a passar nos sobreiros, é encarado como um acontecimento da história natural e não da história humana, é visto como acto amoral da natureza e não como escolha moral do homem. É maremoto de Neptuno, e não opção do Zé. Aceita-se sem escândalo. Nos velórios oiço sempre esta frase: “temos de respeitar a escolha dele, não é verdade?”. Não, não é verdade. Há dias, numa aldeia perdida, quis entrar num restaurante mas estava fechado. Uma senhora que passava, baixa, de negro, mãos severas, avisou-me: “’tá fechado, ele matou-se. Tá vendo aquele ajuntamento além? É o funeral”. Ela proferiu estas palavras com uma naturalidade desapiedada, como se estivesse a comentar o tempo, a forma das nuvens ou o canito da vizinha. O tom da voz não se alterou, ficou plano como a planície. Era como se o senhor tivesse ido trocar uma nota na loja ao lado.
Em reacção a esta cultura, sempre fui um crítico do suicida. Até me lembro de um episódio tumultuoso na escola: num workshop de prevenção do suicídio, levantei-me no auditório para dizer que o suicida é um cobarde. Recebi uma saraivada de tomates. Saraivada merecida, diga-se. A questão não é assim tão primária. A cabeça do suicida é a morada postal de uma dor que não pode ser chutada para a baliza que vai da coragem à cobardia. E confesso que sinto uma admiração, digamos, literária pelo suicida. O seu mistério atrai-me. Contudo, aquela opinião juvenil e precipitada já continha aquilo que defendo hoje: o meu herói é aquele que fica, que resiste, que encara a derrota. Se posso respeitar um suicida em concreto, posso e devo rejeitar a cultura do suicídio que existe no Alentejo, uma cultura que vai da relativização natural até à explícita romantização, “ele foi muito homem, muito corajoso”. Até porque, como diz Paulo Varela Gomes, há no suicida um grama de prosápia, de ego que recusa o cheiro da figueira ao pôr do sol, de ego que não se deixa amparar pelos outros, de ego que se fecha num silêncio imune às palavras e gestos de quem o ama. E se há coisa que o alentejano domina é este silêncio altivo. Freud dizia que a psicanálise não funcionava com os irlandeses, porque eles não falam. Está visto que Freud nunca foi à planície.
Nesse texto abençoado, Paulo Varela Gomes conta como o cancro o conduziu até à beira do suicídio para depois o reconduzir à fé, numa espécie de montanha russa teológica. Percebo, admiro e comovo-me com o volte-face. A minha recente aproximação a Deus e as minhas tentativas de regresso à Igreja que me baptizou são também respostas à cultura de suicídio das minhas raízes, são contra-ataques, são investidas sobre aquele sussurro negro e melífluo. Varela Gomes diz que “há muita gente a rezar por mim e é com alegria que agradeço a todos”. Eu, que estou a aprender a rezar, rezarei hoje por ele e pelos meus que já cometeram ou pensam cometer suicídio. Não estão sozinhos.
Henrique Raposo
Crónica Expresso, 21 junho

terça-feira, 14 de julho de 2015

o dilema da peruca

Coragem: do latim coraticum, do francês cor-age.

 
 Eu acrescento, será que a Professora Estrela Serrano, antiga assessora de Mário Soares, com o seu raciocínio achará que a doença e morte da Senhora D. Maria Barroso foi "uma jogada de marketing"?

domingo, 2 de novembro de 2014

ser careca nunca foi tão chic

Estamos nos primeiros dias de Novembro, ou seja andam aí as latinhas
do peditório da luta contra o cancro.
(photo by me)
É para pôr o autocolante no casaco!!!!
+info's: AQUI