Mais por descarga de consciência do que por verdadeira vontade de ajudar, fui passar uns dias a Calcutá. Eu e mais 600 voluntários. Calcutá não era nada daquilo que pensei - tinha todo um luxo que outras cidades não tinham: táxis, palácio, pontes, greves! Fiquei de boca aberta. Mas também havia miséria. De mochila às costas, cheguei à porta das Missionárias da Caridade e toquei à campainha. Era perto da meia-noite. Apareceram duas irmãzinhas queridas a quem disse que vinha para ajudar no que fosse preciso. E assim começaram as três melhores semanas de toda aquela viagem. Duras, intensas, mas incríveis.
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O que mais me impressionou nas várias casas das irmãs por onde passei foi a constante alegria - serena mas muito grande - em que viviam. Não têm nada como próprio, vivem permanentemente entregues aos pobres e moribundos, e são incrivelmente felizes. Muito - mil vezes - mais felizes do que eu. Livres de tudo, e por isso disponíveis para amar a todos. Aprendi muito com elas. Coisas que hoje em dia me vão passando mas não podem passar. A sorrir em todas as ocasiões, a valorizar as pequenas coisas, a dar... até doer.
Fui a Calcutá com a intenção de por lá ficar uns - poucos - dias. "Já que não sei quando volto à Índia, tenho mas é que aproveitar para viajar, também não é como se fosse fazer uma grande diferença na vida das pessoas". Uns dias passaram rapidamente a três semanas.
Numa coisa tinha razão: eu não fiz uma grande diferença na vida daquelas pessoas. Mas elas fizeram toda a diferença na minha.
Numa coisa tinha razão: eu não fiz uma grande diferença na vida daquelas pessoas. Mas elas fizeram toda a diferença na minha.
Continua...
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