quinta-feira, 18 de outubro de 2012

E foram felizes para sempre

Depois de ter escrito sobre o meu casamento, neste post, senti-me na obrigação de escrever outro, sobre o casamento. Tenho andado a pensar nisto, na verdade ando consumida, pois apesar de ser verdade o que escrevi, não quero objectivamente deprimir ninguém, e também não quero que pensem que o casamento são só rosas...
 
O casamento, qualquer casamento, pressupõe sacrifícios, pressupõe pôr o outro em primeiro lugar, amá-lo nos seus defeitos, nas suas qualidades, sofrer por ele e com ele. É isso, não há amor sem sofrimento, não há amor sem abdicarmos um pouco de nós. E isso não é mau, é bom, é estruturante, é belo e construtivo. É humanizante.
 
Geralmente o casamento (a festa entenda-se) é sempre um momento bonito, um dia especial, marcante e inesquecível. Mas os dias que se seguem, a convivência constante, são difíceis, exigem muitas adaptações a diferentes rotinas, gostos e personalidades. E, é um facto mais que comprovado, homens e mulheres são muito diferentes. Elas falam, falam, falam, eles estão preocupados em ver o futebol, ou as notícias - elas pensam, já não gosta de mim, eles pensam - o benfica está a perder :(
Eles são muito práticos e racionais, elas muito sentimentalistas e emotivas. Um muitas vezes precisa de estar só, o outro acha que já não é amado... Um chega cansado do trabalho e não sorri, o outro zanga-se e grita. O dia-a-dia não é fácil.
 
Mas o bom de tudo isto é que vamos crescendo a dois, vamos amadurecendo no amor, na relação e vamos ganhando qualidades através dos desafios diários que nos são colocados pelo outro. Querer o bem do outro, amá-lo como ele é, pressupõe também que se quer o melhor para ele e o melhor é que seja isso mesmo - melhor. Melhor pessoa, mais "perfeito", nessa medida, devemos sempre ajudar, corrigir, perdoar adequadamente em cada situação, da melhor forma possível, com a maior quantidade de carinho que tivermos na manga.
 
Depois há de tudo, claro, há aqueles para quem os primeiros anos são um tormento, discussões atrás de discussões - porque ele gosta de dormir com a persiana toda fechada e ela gosta de uma fresta aberta, porque ele chega à pasta dos dentes e carrega no meio quando ela insiste que é de baixo para cima, porque em casa da mãe a comida era melhor, porque não se deixam as meias no meio da casa "and so on".
Também há aqueles que combinam em tudo, ou fazem por isso e que nunca discutem (até ao dia...), andam tão enamorados que só se veêm um ao outro, nunca se zangam, pedem licença e desculpa constantemente e os primeiros anos da vida a dois são um mar de rosas (até ao dia...).
Há também os que têm dias, dias em que são os mais enamorados e apaixonados, e dias em que desejam mutuamente atirar o outro pela janela e de preferência que passe um camião logo a seguir :)
 
O casamento é assim, vai-se construindo, vai crescendo, vai amadurecendo, ou apodrecendo, conforme o nosso investimento, a nossa dedicação, a nossa preserverança. Já dizia o poeta que com as pedras do caminho faria um castelo, e também de relações muito complicadas podem nascer belos castelos se ambos o desejarem.
 
 
 

7 comentários:

Anónimo disse...

Este post é importantissimo! Muito bom, mesmo. Obrigada pela partilha. Aguardamos mais coisas do género. Parabéns e obrigada!

CM disse...

:)
*****

alexandrachumbo disse...

Muito agradecida.

Anónimo disse...

Olá! Só para avisar que o poema "[...] Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…" não é do Fernando Pessoa. Desconfiei disso e já várias pessoas de letras me disseram que nunca poderia ser.
Margarida P.

alexandrachumbo disse...

eu não disse que era de Fernando Pessoa :)

Maria disse...

Um tratado de um casamento feliz. Sim! QUERER querer! "cada dia mais"

Unknown disse...

Muito bonito!