quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A miúda que ontem vi no Metro


Numa viagem de Metro pode passar-se muita coisa. E eu gosto disso, de ir com as antenas no ar à procura da história que vou ter para contar à hora de jantar. Mas ontem, aquilo que eu vi no Metro não me deixou nada contente.

Vinha uma miúda sentada à minha frente, morena e nos seus 16 anos. Trazia um top todo rasgado - propositadamente rasgado - na zona das costas e a alastrar-se para a parte da frente, numa tentativa de estilo que não consegui compreender. Calças não trazia: usava umas legings - que eu recuso usar como sinónimo de calças - bem justas. Escusado será dizer que se lhe via a roupa interior toda - a roupa que, como o próprio nome indica, costumava ser interior.

Fiquei triste a olhar para esta miúda. A imagem que ela fazia passar dela própria não era a de alguém confiante, valiosa, feminina. Precisava de alguém que lhe dissesse que ela vale mais do que aquilo que mostra com aquele tipo de roupa, com aquele tipo de atitude.

Isto fez-me pensar que, de facto, a tendência de há uns para cá passou a ser "menos é mais", e que hoje em dia "cada vez menos é cada vez mais". E depois vêem-se miúdas com mini-saias de cabedal, e depois vêem-se miúdas a mostrar a roupa interior como se fosse um ícone de moda, e depois vêem-se miúdas com calções absurdamente curtos porque os pais acham que elas ainda são crianças e que as crianças podem usar tudo, e depois vêem-se coisas que nos deixam tristes.

Porque, a verdade é esta, muitas miúdas - então quando vão sair à noite, que aí é o descalabro - hoje em dia parecem prostitutas em trabalho. E - não sempre, mas algumas vezes - a culpa não é delas, é de quem nunca lhes disse que valem mais, valem muito, e não se podem deixar satisfazer com tão pouco.

Sem comentários: