Numa entrevista de trabalho
perguntaram-me “que programas gosta de
fazer com os seus amigos?”. No meio de todas as respostas óbvias que podia
ter dado e que me passavam pela cabeça, sorri e disse:
Sabe, eu tenho a maior sorte
desta vida de ter mantido o mesmo grupo de amigas desde os 4 anos da infantil.
Algumas até desde os 2/3. Além de todos os amigos que tenho vindo a conhecer ao
longo dos meus 24 tenho a sorte de ter estas. Gostamos de fazer muitos
programas juntas sim, principalmente tudo o que envolva refeições… Mas mais que
isso, gostamos de estar simplesmente juntas e reviver, ao fim dos nossos 24, a
mesma amizade da infantil.
Cada uma seguiu o seu curso, fez
novos grupos de amigos, arranjou trabalho, etc etc. Mas ao longo do caminho que
cada uma segue durante estes 24 temo-nos umas às outras a 100 metros de distância. Sim porque além disso temos a sorte de ser vizinhas.
Somos todas tão diferentes: umas
mais viradas para as artes, outras para a gestão, eu sou a minoria da saúde.
Mas ao mesmo tempo tão parecidas: vaidosas, discutimos unhas de gel, histéricas
com as combinações do jantar de natal. E iguais no fundamental: a amizade.
Uma tem uns olhos de um
azul-quase-impossível. Vai ser uma mulher de negócios e é incansável nas
combinações. Outra aqui entre nós que ninguém nos ouve: é uma grande artista
(mas ela não gosta que se diga isto). Desde pequenina que lhe basta uma folha e
uma caneta. Diz-se por ai que andamos à procura de casa juntas e já temos máquina de café. Depois há aquela que faz bolos como ninguém. Vai começar agora a
escrever a tese, espero que lhe sobre tempo para a cozinha! E a mais pirosa de
todas? Ah essa… Tem também a mania de por etiquetas em tudo o que seja gavetas,
prateleiras… Tenho inveja da organização dela. Depois juntaram-se mais três elementos et voilà: está o baile armado.
Já não usamos bata nem farda. Já
não almoçamos juntas de segunda a sexta na mesa do refeitório. Os programas nem
sempre tem 100% de adesão. Mas quando estamos juntas, onde quer que seja,
continuamos a rir umas com as outras, umas das outras, da mesma maneira
infantil de há vinte e tal anos atrás. Rir até doer a barriga.
E por isso, da
próxima vez que me perguntarem “que
programas gosta de fazer com os seus amigos?”, se calhar vou dar uma
resposta politicamente correcta que permita mostrar com clareza os
programas que gosto de fazer. Mas quando a der vou ter um sorriso na cara e
aquela sensação boa no peito por pensar: “Sabe,
eu tenho a maior sorte desta vida de ter mantido o mesmo grupo de amigas desde
os 4 anos da infantil”.
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