Gosto sempre de pensar na
relatividade do tempo. 5 minutos: pouco tempo para quem está a acabar um exame,
muito tempo para quem está à espera na fila do supermercado. Meia hora: tempo
suficiente para me arranjar e sair de casa, pouco tempo quando estou com quem
gosto. Uma semana: pouco tempo quando estamos de férias, muito tempo quando
temos saudades de alguém. Dois meses: muito tempo para quem não tem nada para
fazer, pouco tempo para quem descobre que afinal há muito para fazer.
Há dois meses as coisas eram
diferentes. As cores eram diferentes. As despedidas custavam mais, as decisões
eram mais difíceis, o tempo era demasiado. Há dois meses não conseguia ouvir
certas músicas de coração desligado. A cabeça repetia o que o coração não
conseguia apagar. As lágrimas eram mais fáceis. Há dois meses não estava aqui.
Agora estou aqui. Aqui “entre nós que ninguém nos ouve”. As
decisões e as despedidas são igualmente difíceis mas mais fáceis de carregar. O
coração e a cabeça lá se conseguiram entender e formam um discurso coerente
(interior e exterior). Dois meses depois percebo a sorte que é poder recomeçar,
ter uma folha em branco e risca-la como
bem me apetecer. Descobri que tenho mais amigas (obrigada MT!). E ter calma já não me tira a calma. Aprendi que é
bom dar passeios sozinha (modéstia à parte: até sou boa companhia). Há dois
meses tornei-me farmacêutica.
E daqui a dois anos vou gostar de
me lembrar como dois meses é pouco tempo.
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