Há despedidas que não são um acontecimento pontual no tempo,
com dia e hora marcada. Acontecem todos os dias mesmo depois do último jantar,
último abraço, último adeus. Acontecem todos os dias, quando oiço aquela
música, quando passo por aquele sítio, quando me lembro daquela piada. E mesmo
depois dos quilómetros de distância já estarem bem definidos eu volto a despedir-me.
A falta que me fazem e me desfazem. É mais que saudade, é a
falta que me fazem. Os bons dias arrancados à força de manhã, as conversas sem
fim, as idas aqui e ali. O barulho e o silêncio. E todos os dias, quando isso
me vem a cabeça eu despeço-me. Não que seja algo mau ou triste, pelo contrário,
sentir a falta de alguém assim é uma sorte. Ter alguém tão presente ao ponto de
me despedir todos os dias nas banalidades da vida, é um luxo! Despeço-me nas
conversas mais ou menos diários, nos corredores da casa que ficaram mais
vazios. E quando toca a campainha e não és tu, eu volto a despedir-me de
ti!
Para esta falta só há uma saída: apanhar o avião!
1 comentário:
tão bonito, Nicas!!!!
escreves mesmo bem. ;)
Enviar um comentário