Ontem fui ao teatro ouvir a Marta Gautier em "Vamos lá então perceber as mulheres... mas só um bocadinho". É uma peça engraçada, um monólogo onde esta psicóloga clínica fala aos homens sobre as mulheres. O espetáculo tem estado sempre esgotado, mas saber isso não me serve de muito. Sempre duvidei daquilo que "toda a gente" adora - muitas vezes cheira-me à continuação daquela história sobre o rei que vai nu.
Aquilo que eu achei: tem partes que considero que seriam dispensáveis, porque nada acrescentam ao que se pretende demonstrar sobre as mulheres e fazem com que o espetáculo perca a categoria que potencialmente teria. Tem partes em que, embora sendo mulher, não me identifiquei absolutamente nada. E depois tem partes verdadeiramente engraçadas, perspetivas bem apanhadas sobre as mulheres e que nos mostram que, em tanta coisa, somos todas iguais!
Exemplos em que me revi especialmente: (numa discussão entre marido e mulher) "sabes querido, é que as mulheres, quando estão calmas, assim mesmo mesmo calmas, GRITAM!", (sobre contar a uma amiga alguma coisa que aconteceu) "há certas pessoas em relação às quais, se não se contar o que aconteceu, parece que não aconteceu nada", (sobre as mulheres que querem mostrar que fazem imensas coisas) "olha, tu sabes o que é que eu já fiz hoje de manhã? Já vesti os miúdos, já lhes dei o pequeno-almoço e... e... (como parece pouca coisa, há que entrar em detalhes) já dobrei os pijamas, já arrumei os sapatos deles dentro do armário, já lhes dei banho ("hm?! banho? de manhã?"), sim banho, é para veres!", (sobre as mulheres - isto é para as mães - que gostam de mostrar que no tempo delas a vida era bem mais dura) "olha filho, não te queixes por ter um colchão desdobrável colado às pernas! No meu tempo as viagens até ao Algarve duravam 9 horas e íamos com coisas em cima até à testa - e sem buraquinhos para os olhos!".
Constatei uma coisa (espero que não me caia tudo em cima):
Algumas mulheres que não estão verdadeiramente felizes nos seus casamentos preferem ouvir que há mais gente como elas e repousar à sombra desse facto do que saber como contornar a situação e voltar a querer dar o melhor de si à pessoa a quem um dia disseram "sim, quero".
E não deveria ser assim.
1 comentário:
"Sem buraquinhos para os olhos". O que me ri! Lembrei-me de um ano em que os pais nos levavam num carro com duas empregadas, 4 filhos (ou seríamos ainda só 3?) a passar férias de Verão à Figueira do Foz (não sei se era um carro ou ia outro porque acho impossível irmos assim todos), no tempo em que a bagagem não terminava (as senhoras vestiam roupas para a noite diferentes das do dia!!!). A Psicóloga só se esqueceu é que quando uma mãe diz isto a um filho a resposta é formatada:"a mãe não pode comparar os seus tempos com os de agora!" (o que em linguagem traduzida significa: os seus tempos dinossáuricos com os tempos ultra à frente em que vivemos). Lindo!
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