segunda-feira, 19 de junho de 2017

Quando Cristiano Ronaldo foi às compras




"Vale a pena reafirmar, de forma veemente e cristalina, que os filhos não são um direito dos pais, nem um instrumento para a sua realização pessoal. As crianças são pessoas dotadas de dignidade, e são-no na íntegra, desde o momento da concepção. Não são um projecto em desenvolvimento, uma obra inacabada ou um apêndice no projecto de felicidade de outros.

As crianças são, certamente, pessoas frágeis e dependentes. Mas, por isso mesmo, é tarefa fundamental de uma sociedade decente protegê-las de abusos e ingerências. E, no entanto, o que temos feito? O que têm feito os Estados modernos e desenvolvidos onde nos orgulhamos de habitar?

Na Islândia, já não nascem crianças com síndrome de Down, porque o aborto tem sido usado, sistematicamente, como forma de selecção dos mais fortes. Na volta, certos “especialistas em ética” vieram considerar que esta era a solução mais humana, como se a morte fosse preferível a viver com uma deficiência. Como se a vida de uma pessoa com uma deficiência não pudesse ser digna, proveitosa ou feliz. Esta forma de eugenia, feita às escondidas e dentro do útero, não nos dói, porque não a vemos. Mas ela existe, da forma mais soez e mais cobarde que se possa imaginar, porque presume que a vida das crianças é um objecto ao dispor do capricho dos pais.

(...)

A ideologia que se esconde por detrás da procriação medicamente assistida e das barrigas de aluguer afirma o mesmo princípio, de que as crianças são meros bens de consumo, produzidas a pedido e sob pagamento adiantado. De que o corpo humano é propriedade absoluta do próprio e pode ser vendido, alugado, usado e retalhado. De que fazemos contratos sobre a carne dos outros; a vida dos outros."

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