terça-feira, 2 de junho de 2015

Soube por portas e travessas que a Fundação Manuel dos Santos está minada pela Maçonaria e Opus Day | Por Francisco Louçã

 
"Ontem passei pela mercearia da Dona Zulmira, ali à Travessa do Conde de Abranhos. Estava lá o José, aquele a que chamam o Palito, esse mesmo, o que costuma parar na leitaria do senhor Neves, metemos conversa e ele revelou-me um segredo que estou que não me tenho. Pois não é que a Fundação Manuel dos Santos está infestada de Maçonaria e Opus Day? O Zé tem a certeza e disse-me ele aqui há atrasado passei ao pé da porta e estavam a entrar uns homens de gravata e pasta que falavam estrangeiro e eram evidentemente Opus Day, ou Dei ou o que é, pelo seu ar soturno. Mas o Filipe, o sobrinho da Dona Lurdes, que tem um amigo que fez umas horas de jardineiro lá na Fundação, garante que o amigo lhe garante que viu o administrador saudar um conferencista espanhol e aquilo eram poses maçónicas de certeza.
 E reparem bem no símbolo da Fundação: já viram que aquilo é um triângulo disfarçado, aberto para o lado de cima, onde está o Grande Arquitecto, tudo coisas de aventais? Eu bem os topo.
Ora, onde está a Maçonaria e o tal Opus Dei, está também uma chusma de partidos políticos, de modo que só posso concluir que há por ali corrupção, porque casa tão mal frequentada tem que ser minada por interesses, eu já os conheço de ginjeira para mim vêm todos de carrinho. Disfarçam-se de coisa fina, coisa e tal, mas já aquilo ser fundação é de desconfiar. Tome por certo que não há fumo sem fogo e que, se eu fizer umas entrevistas, fica tudo confirmado num piscar de olhos. O Esteves, que faz a praça de táxis ali da avenida, disse-me o mesmo e eu perguntei-lhe tens a certeza Esteves? E ele a dizer-me que sim que aquilo é um antro e de certeza é Opus Dei e Maçonaria que andam sempre juntos já se sabe e corrupção e coiso e tal ainda noutro dia venderam o Gaitan e foi tudo coisa de Maçonaria e Opus Dei.
Por isso, quando um estudo foi revelado por uma notícia (no Expresso o título é “Hospital de Santa Maria dominado por interesses da Maçonaria, Opus Dei e partidos políticos” e no PÚBLICO é mais comedido, “Estudo revela que interesses e corrupção minam Hospital de Santa Maria”) eu disse logo de mim para mim queres ver que querem disfarçar e esconder o caso esse sim muito grave da Fundação que está cheia de Opus Dei e Maçonaria e basta fazer umas entrevistas e revela-se tudo e vêm falar de um hospital só porque é crocante?
Mas eu não fico por aqui ai isso não fico. O dito estudo, segundo a imprensa, diz que descobriu que é “prática comum” os pequenos atos de corrupção como “troca de favores, fazendo passar à frente, nas listas de espera, amigos e familiares, e o médico assistente canalizar os pacientes que têm de fazer análises para laboratórios privados dos quais é sócio”. E descobriu como, pergunta o leitor ou a leitora mais sagaz? Pois descobriu fazendo umas entrevistas a uns entrevistados que disseram umas coisas mas estão muito certos, tudo corrupção e Maçonaria e Opus Dei pois claro e ainda há o problema da venda do Gaitan.
Mas o estudo não fica por aqui, ai que não fica. Descobriu muito mais, que “os processos de nomeação não são claros e estão atravessados por outras dinâmicas como os jogos de interesse e as lutas entre professores na Faculdade de Medicina, e a presença de dinâmicas externas próprias à sociedade portuguesa — como a maçonaria, a Opus Dei e a ligação a partidos políticos (ligação mais recente, temporalmente, e com ênfase particular no Partido Comunista e no Partido Socialista)” como “salienta a investigadora que investigou”, diz a notícia e isto não fica nada de pé que vergonha. Ela sabe e afirma “baseando-se nas informações que recolheu”, acrescenta a notícia. Pois as informações são umas entrevistas com umas pessoas e não é que nenhuma delas esclareceu a saída do Gaitan mas prontos pelo menos contaram toda a verdade sobre a Maçonaria e Opus Dei.
Claro que a investigadora em causa não publicou o seu texto — que eu tenha encontrado na página da suspeita Fundação — e só sabemos dele porque é referido num relatório final que “envolveu vários investigadores e foi coordenado pela professora da Universidade Nova de Lisboa Margarida Marques e pelo professor da Universidade de Princeton Alejandro Portes”, esse sim publicado. A professora Margarida Marques encarregou-se aliás de aniquilar o dito estudo, declarando ao Expresso que “não há representatividade na amostra” das entrevistas realizadas (29, das quais 4 a informadores exteriores e 1 a um “utilizador estratégico”, mais 10 a pessoal do Hospital e 14 a gestores de topo). Parece que isso é pouco para apurar os factos e até para apurar as opiniões, a amostra é poucochinha.
Para mim, isto agora fica tudo claro. O Expresso diz-nos que a investigadora disse que “não chegou às conclusões de ânimo leve”. Mas o certo é que ela não quis entrevistar a Dona Zulmira, nem o Palito, nem o Neves, nem a Dona Lurdes que tem um sobrinho que tem um amigo que já fez uma horas de jardinagem na Fundação, nem o Esteves que faz serviço de praça por ali, porque eles sim iam dizer tudo o que tem estado escondido é uma vergonha e não deixavam pedra sobre pedra alguém tem que pôr ordem nisto. Mas nada nem os entrevistou só falou com os outros, os das listas de espera do hospital que descobriram logo que havia Maçonaria e Opus Day nas redondezas porque a senha deles nunca mais saía e é vê-los se alguém explica a coisa do Gaitan.
A notícia do estudo da Fundação só me assusta porque o relatório, o que conta e é publicado, é assinado por Alejandro Portes de Princeton. Aí é que eu fiquei aflito mesmo aflito, e pior ainda quando descobri que esse relatório nem fala de Opus Dei. Isso deve demonstrar que está tudo camuflado, eles mandam em tudo e a Fundação deve ser só a ponta do icebergue, que a Maçonaria e Opus Day ou Dei estão mesmo por todo o lado eu já desconfiava pois se o homem é de Princeton onde não há Maçonaria nem Opus Dei então o estudo deve estar certo. Mas ninguém me tira da ideia que, se o Alejandro de Princeton também tem entrevistado a Dona Zulmira, o Esteves, o Palito, a Dona Lurdes e o sobrinho Filipe que tem um amigo que fez umas horas de jardinagem, tinha ficado a saber que cá nesta terra ele é dos hospitais até às fundações basta perguntar e fica logo a saber tudo corrupção e Opus e Maçonaria por todo o lado, parecem chusmas crocantes."

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