"Maria,
Queria contar-te noticias do dia-a-dia cá de casa para não ser só por whatsapp.
Por aqui a casa encontra-se no mesmo sitio. As pessoas continuam as mesmas mas faltas cá tu!! A Guida e o Vasco continuam em constante "guerra". "Mãe interne o Vasco ele é um deficiente" e o Vasco continua com as suas brincadeiras com o Pai.
A mãe desde que tem o smartphone continua a mandar testamentos pelo whatsapp, e o pai a continuar sem perceber nada daquilo. A Nena trabalha e de manhã faz o seu rotineiro exercício físico pela fresca. O Kiko aparece cá de vez em quando. A Guida agarra-se aos livro e ninguém a chateia com medo que os rasgue. Eu continuo a mesma também, mas também muito mais trabalhadora.
A Graça anda mais bem disposta, ainda fala muito de ti mas já se ri e continua a fofocar. No outro dia ficou toda contente porque trouxe uma revista que a Rita me deu que tinha as novelas todas. Uma vez por outra ponho a telenovela e ela fica lá a dobrar cuecas e meias.
O teu quarto continua intacto. A mãe vai para lá trabalhar agora.
Pois é, Ni fazes muita falta. Mas o tempo passa a voar e qualquer dia temos-te por cá.
(...)"
Hoje recebi este e-mail. E enquanto o lia aterrei em minha casa com a maneira tão real com que a minha irmã descreveu as "notícias do dia-a-dia". Se por um lado os olhos ficaram húmidos, por outro a alma ficou tranquila por saber que está tudo na mesma.
Porque é disto que eu tenho saudades. Das dúvidas tecnológicas do pai. Da mãe concentrada a escrever mensagens no whatsapp a contar as compras que fez na praça. Das Xinha e dos seus atrelados. Do Kiko que já não vive lá mas tem sempre lugar posto à mesa. Do Tona que anda sempre a mil. Da Nena e das suas saladas cortadas em miniaturas perfeitas. Da Tazinha e dos serões a escolher roupa. Do Vasco e das suas brincadeiras. Da Inês sempre a contar histórias. Da Guida que ao fim de horas de estudo aparece na sala com a sweatshirt do pai. E da Graça....
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