quarta-feira, 13 de maio de 2015

UM FUTURO MUITO PRESENTE


Os Filhos do Homem


        A produção habitual de P. D. James são os romances policiais: romances profundos, meditados, em que a noção de culpa e de possível redenção está de uma maneira ou de outra sempre presente, a par de um intrincado mistério de crime e respectiva solução.
    Desta vez, contudo, a autora envereda por um estilo diferente: o romance futurista e catastrofista, que põe à prova os seus protagonistas.
       Estamos em Inglaterra, em 2021 (o romance foi publicado em 1992, numa altura em que a data parecia bastante mais longínqua do que nos parece hoje), e há 25 anos que não nasce uma criança; não por vontade dos adultos (pelo contrário), mas porque os seres humanos se tornaram universalmente estéreis. E com esta esterilidade veio a absoluta ausência de esperança e de humanidade, com consequências terríveis na vida das pessoas: violência gratuita sobre os mais fracos, eliminação forçada dos velhos, tratamento dos animais como se fossem pessoas, e um longo e perturbador etc…
      É então que um grupo de cinco pessoas, todas com motivações diferentes, reage contra este estado de coisas e, de repente, o futuro parece abrir uma porta. Mas tais reacções são muito mal apreciadas pelos poderes constituídos, pelo que estas cinco pessoas são implacavelmente perseguidas – e é no meio, ou no fim desta perseguição que se percebe quais delas se degradaram por completo e quais mantêm ainda a capacidade de um comportamento verdadeiramente humano.

     Trata-se de um romance intenso, muito bem escrito, que faz pensar em muitos aspectos da actualidade, e que coloca o leitor perante as dramáticas consequências do egoísmo levado ao extremo.

1 comentário:

Unknown disse...

Mize, o meu irmão vem todos os dias ao blog procurar os seus textos e já pôs sete pessoas a ler um livro recomendado por si.... melhor: pôs um professor da faculdade a ler e a citá-lo nas aulas.
fantástico!!!