O outro dia recebi uma carta cujo assunto era:
"Eliminação de inscrição em território nacional"
Fiz cara de quem acabou de comer um limão daqueles bem amargos e nem quis ler o resto. Deixei a carta aberta em cima da cama.
Já ando há uns tempos para vir aqui contar isto. Aproveitei o "Volto já" para ir pensando na melhor forma. É que podia simplesmente dizer:
Conheci uma rapariga, a V, que trabalha em Barcelona há 7 anos. E está aqui a juntar dinheiro para construir uma casa no Equador.
Mas essa não era a melhor forma.
A V não está simplesmente em Barcelona há 7 anos. Está há 7 anos a 9.330,92 km de casa, a cerca de 3.000€ de casa. Há 7 anos que não pode simplesmente ir-a-casa-porque-vai-ao-casamento-da-amiga. Há 7 anos que a vida lá continua: os aniversários, os casamentos, os batizados, os funerais, as novidades, as festas.
Com ela relembrei que há decisões mais difíceis na vida do que escolher um conjunto de lençóis no IKEA.
Está há 7 anos a "construir" a casa no Equador.
"Os primeiros tempos são os mais difíceis. Mas logo de habituas e depois não queres voltar"
A carta continua por ler algures no meu quarto. Não, eu não quero "eliminar a minha inscrição em território nacional".
Prefiro antes "construir" a "minha casa".
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