- Quando eu estava quase a marcar um ponto, houve um adversário que veio
do meu lado direito e que me agarrou pela cintura, desequilibrando-me. Depois
houve outro que veio de frente e empurrou-me para trás. Então foi aí que eu caí
e bati com a cabeça no chão.
- Era relva?
- Não, era dentro do pavilhão - ui! - o chão era muito duro.
- Em algum momento perdeu a consciência?
- Não. Só perdi a audição por uns momentos.
- Uns momentos… quanto? Uns segundos, uns minutos?
- Doutora, cerca de um segundo.
- Muito bem… E agora ouve bem?
- Não sei. Não sei se a senhora está a falar baixinho ou se sou eu que
estou a ouvir mal.
Houve traumatismo craniano com perda de consciência. Fiz-lhe um exame
objectivo com exame neurológico sumário e pedi-lhe uma TC crânio-encefálica.
Liguei para o bip da neurocirurgia
para depois me verem as imagens da TC. Mais tarde, a neurocirurgia ligou-me de volta.
Diz que está fino e que, por eles, tem alta.
Mas aquela imagem à minha frente... essa
via-a eu bem. Via tão bem, que isto sucedeu em abril de 2014 e eu ainda a
vejo como se tivesse sido ontem. Vejo-o sentado naquele gabinete do hospital de
santa maria quase como o vejo sentado à mesa da minha sala: um calmeirão
de 15 anos na urgência pediátrica. Entre o bebé da bronquiolite e a miúda da
varicela, veio este mostrar-me como a brutidão de um miúdo de 90kg, na arena de
um jogo de rugby, se pode conjugar com a exactidão de um segundo.
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