Perguntas-me o meu nome e eu fico confusa e penso “o verdadeiro ou o
diminutivo?”. Não demorei a responder por não o querer dizer ou por ter tido um
ataque de amnésia. Depois vem aquele momento de confusão, não percebeste. Não
faz mal, assim temos tema para os próximos cinco minutos. Agora diz-me o teu.
Ah, muito mais simples!
Eu mexo freneticamente nos fios que trago ao pescoço para não enfiar
as mãos nos bolsos. Cruzo as pernas e quase me desequilibro. Rio-me do meu
jeito desajeitado. Sim, tu ainda não me conheces mas ficas a saber que eu sou
quem mais se ri dos meus conflitos com a gravidade.
Se eu ficar calada não te assustes, não foi nada de errada que
disseste. Mas também não te espantes se começar a falar sem me calar. E
prepara-te porque provavelmente vou falar de todas as minhas amigas e tu não
vais conseguir fixar nenhum nome.
Não perguntes porque é que estou tão carregada tipo feirante.
Provavelmente não vais querer saber que tenho a mania de andar com a casa às
costas com medo que me falte alguma coisa. Podes oferecer ajuda mas eu vou
recusar à primeira. Não por teimosia, mas por vergonha do meu exagero.
Se passarmos a conversa para uma mesa de café certifica-te que não
tenho nenhum papel próximo de mim. Tenho a estranha mania de os desfazer em
pedacinhos e fazer um festival de confetis. E quando me perguntarem o que eu
quero eu vou demorar a responder, e vou mudar o pedido umas três vezes (no
mínimo). Depois o meu telefone vai tocar e é muito provável que seja de minha
casa. E vais perceber que pela família pára tudo.
Se quiseres que me ria não vale a pena contares anedotas. Raramente
acho piada. E se me perguntares qual o último filme que vi eu não vou saber
dizer o nome porque é raro decorar os títulos. Podes tentar fazer piadas disso
se ainda me quiseres fazer rir.
Não tentes ligar-me de manhã a dar os bons dias. Só funciono depois de
dois shots de café. E não quero que conheças o meu lado mal-humorado. Também
não me tentes fazer surpresas, muito menos em público. Mas vais perceber que
uma manifestação inesperada da tua parte me vai fazer fraquejar.
Também não vale a pena dizeres mal da minha roupa ou que visto
demasiado preto. Não é por ser sombria, mas é uma cor na qual me sinto
confortável.
Vais descobrir que apesar da minha falta de jeito adoro cantar no
carro e que sou tão criativa que componho letras. E vais todo o tempo a agarrar o banco
por causa da minha desafinação e da minha falta de jeito para conduzir.
Vais perceber que na maioria das vezes exagero nas histórias. E que sei narrar ao detalhe vários factos sobre mim, Só não sei fazer uma coisa: dizer o que quero.
1 comentário:
Niquinha nem sabes como foi bom ler-te :) Thnaks
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