"Perdôo mas não esqueço"
Este tema está mais
que batido mas não raras vezes ouvimos esta velha máxima. Que a meu ver (e vale
aquilo que vale) não é mais que uma boa forma de dizer: “eu não perdoei”.
Porque a segunda parte da frase soa-me como uma quase ameaça. Ou uma vingança.
Não estou a dizer
que depois de cada perdão vem uma crise de amnésia que nos faz apagar tudo o
que se passou. Porque acredito que na grande maioria das vezes a parte mais
difícil vem depois do perdão. Não basta perdoar: é preciso perdoar até não
ficar marca.
Só isso nos dá paz
para seguir em frente, arrumar tudo na gaveta do “já passou” e esquecer no melhor
sentido da palavra. E não é por isso que andamos a fazer papel de tolinhos. Entre o perdoar e o esquecer deve estar a nossa humildade e fortaleza. Porque "no fim da vida seremos julgados pelo amor" e não pelas situações mal resolvidas que levamos na nossa cabeça. (é que nem levamos a cabeça atrás)
“O perdão é um tema
decisivo na nossa vida porque é também ele que revela quem somos e como somos.”
Padre Tolentino Mendonça
Quem me ensinou e
continuar a ensinar mais sobre perdão está lá sempre com a regularidade com que
O procuro: a perdoar-me. E sei que “esquece” porque me dá sempre uma nova
oportunidade de recomeçar. Mesmo que já lhe tenha pedido desculpa da mesma
coisa mil vezes antes.
E às vezes a
primeira pessoa que temos de perdoar somos nós próprios.
“O perdão não é instantâneo nem é um
acto mágico. Precisamos de tempo para pensar no que aconteceu, precisamos de
perceber as implicações, de sentir arrependimento, de ver que era possível
fazer de outro modo, de lamentar o sucedido, enfim são tantas as variáveis!
Nunca saberemos os caminhos do perdão no coração dos homens mas tem que haver
um momento em que as variáveis não contam. Chegamos ao perdão sem dúvidas, num
momento de graça.”
Padre Tolentino Mendonça
E por isso é preciso dar o braço a torcer, ou torcer o braço, ou que tiver de ser torcido.
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