Budapeste,
13 de Setembro 2012
Onde: Mesa
de um café
Companhia: a
de Sempre + máquina de fotografias + chocolate quente + um Guardanapo
Querido Guardanapo,
Hoje dirijo-me a ti, porque nunca te agradeci o suficiente a
companhia que me fazes nos cafés. Já adivinhavas o que ia acontecer quando
entrei não? - “Lá vem aquela louca, chega aqui, abanca, saca da canetinha e
sigo para o desemprego. Eu sirvo para limpar bocas menina! Não é para estes
rabiscos e escritas”. Desculpa lá. Só mais hoje.
Antes de voar para cá, fiz umas contas rápidas e que me dão um
gozo enorme: 4 dias em Budapeste a ter aulas = 1 calças + 1 sapatos + 1 vestido
preto jic¹ + 1 blazer + 1 casaco + 4 partes de cima + necessaire + nada.
Cheguei de mochila às costas, entro pelo hotel de 5 estrelas, óculos ray-ban
rei-ban² na cabeça, unhas cinzentas mãos e pés, as calças, a parte de cima, os
sapatos e o blazer. O rececionista ficou especado, esta aqui não encaixa com
este hotel, deve estar enganada. Só me deu o cartão do quarto quando eu lhe dei
o meu… de identificação!
Elevador, marcar 2º andar, sair, abrir a porta do quarto e UAU!
Vistão sobre o Danúbio. UAU x 10! Desfiz o pouco que havia a desfazer da mala,
agarrei na máquina de fotografias e comecei a palmilhar a cidade em busca de
uma Missa. Desde então, sinto-me em casa.
Uma vez que estou aqui graças à minha entidade patronal, tenho
percorrido estas ruas lindas com vários pensamentos na cabeça, com um que teima
em persistir: o que é que te faz a ti, Guardanapo, ser fiel a este café? Será
que existe isso da fidelidade de uma pessoa à sua empresa? Já pensei que poderá
ser como uma união matrimonial onde o colaborador não pode só receber, tem
também que aprender e saber dar. E dar não só na mesma medida, mas mais. Não me
auto-convenci. Próximo: pensei que não se trabalha para a empresa, trabalha-se para
si próprio e que, se com a empresa, a pessoa não desenvolve os objetivos que
propõe a si própria, deverá procurar novo poiso.
Não, também não. É uma versão demasiada egocêntrica. Então o que
é? Pois bem, cheguei a uma conclusão que poderá sofrer alterações mas que me
ajudou a tomar uma decisão, logo, convenceu-me em parte. Sim, deverá existir
fidelidade à empresa onde trabalhamos. Mas essa fidelidade deverá ser expressa
pelo esforço diário nas várias tarefas e em cada momento do dia. Não se trata
de uma fidelidade temporal, eterna, mas sim uma fidelidade na qualidade – do trabalho,
do bom ambiente gerado, da amizade aos que perto de nós trabalham. Mas nunca
uma fidelidade temporal. É, até o ser. Mas cada caso é um caso³. És um
guardanapo pequeno por isso, fico por aqui. Obrigada pelo espaço!
¹ just in case; ² made in chinocas; ³ Fica sempre bem esta
frase, não achas?
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