domingo, 5 de agosto de 2012

Memórias da minha infância...


Cresci com a ideia que toda a gente tinha uma terra... até perceber que há muita gente, que nasceu em Lisboa, cresceu em Lisboa, e "sempre" esteve por Lisboa (ou outra qualquer cidade).
Até certo ponto, confesso que tenho pena dessas pessoas, e não as invejo. E a verdade, é que eu acho que toda a gente devia ter uma terra, uma terra mesmo daquelas terrinhas, pequenas, diferentes das cidades, onde há outros hábitos, outros horários, outra "linguagem" (regionalismos entenda-se!) e até outras comidas.
Na minha cabeça já faço as malas para a minha terra, a terra onde passei tantas férias, com a minha avó materna que lembro com tanta saudade. Lembro-me de longas tardes passadas a fazer bolos que depois levávamos para o forno da padeira para cozer. Lembro-me de os ir distribuir com a minha avó por algumas pessoas mais velhas e doentes. lembro-me até da minha avó cantar o fado para essas pessoas, que muito apreciavam a sua voz, mas sobretudo a nossa companhia e aquele que era o "acontecimento" do seu dia.
Lembro-me, vejam só, de ir com a minha avó lavar as campas ao cemitério, e tenho saudades de tudo isto. Lembro-me das gemadas que me fazia (às vezes duas por dia) e do pão com manteiga e açucar por cima. (Nessa altura, sabia lá eu o que eram calorias?!?!).
Lembro-me das pessoas sentadas ao fresco, a contar histórias, a cantar ou a rezar o terço. Lembro-me do "palavreado" cómico da minha avó, tão natural nela, mas que quando eu chegava e o reproduzia às minhas colegas, ninguém entendia! "Brada lá aí ao teu irmão" ("Chama lá o teu irmão") - "Atão, onde andas à escola?" - "Nã aventes isso para o quintal" ("Não atires isso para o quintal") entre muitas outras expressões e palavras que recordo com saudade.
Passavam-se dias, semanas, meses e não dava conta do tempo passar no alentejo.
Foram muitos anos, muitas histórias, muitas aprendizagens naquela pequena aldeia entre Évora e Reguengos de Monsaraz.
Agora, gosto sempre de lá levar os meus filhos, gosto que respirem aquele ar, embora agora seja tudo muito diferente. A morte da minha avó levou muitas tradições bonitas que ninguém como ela sabe manter na nossa família. Talvez os tempos de hoje também não o proporcionem, talvez já estejamos todos formatados para outros hábitos.

2 comentários:

Eduardo disse...

Por favor, então me apresentem sugestões femininas à crise....vou apoiar este Blog aqui no Brasil ok ? Me chamo Eduardo, sou Economista.

Também tenho um Blog. Falo muito da Família e da Mulher !!! Sejam Bem vindas....!!!

www.algosolido.wordpress.com

Eduardo disse...

O meu irmão tem um cunhado Português, morando aqui em São Paulo. O seu texto me fez lembrar um comentario dele, de que os portuguese mudaram muito muito desde a Revolução dos Cravos.....prosperaram e ficaram individualistas....A queda na natalidade reflete isso...

Boa Noite....

Eduardo.