sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Permitindo o mal menor

Vamos só pôr os pontos nos “i” para começar: eu não acho os homossexuais menos pessoas que os heterossexuais. Acho que somos matéria do mesmo balde e acho que temos os mesmos desejos de felicidade. Somos iguais enquanto indivíduos. 

Agora que isso está assente: isso não significa que as nossas relações sejam iguais ou que devam ser tratadas de forma igual. Eu, que me casei numa relação heterossexual e não sou infértil, vou ter um bebé. Ainda posso vir a ter mais um, dois, ou os que sejam. E eles vão ter uma mãe, eu, que os ajuda a estudar e lhes dá banho e veste as roupinhas que lhes comprou, e um pai, que as vai ensinar a andar de bicicleta e lhes vai arrancar os dentes quando tiverem por um fio, montar as caminhas que comprarmos no Ikea (ou na Area!) e levar as Estádio da Luz ver o Benfica jogar. Vão ter essa complementaridade que as gerou, e vão crescer com os olhos postos nela.

Não é impossível para os gays escolherem roupas (antes pelo contrário!), nem para lésbicas montarem camas – mas é impossível serem duas figuras autoritárias de dois sexos diferentes, tal como o é gerar bebés conjuntamente (pormenorzinho sem importância). E isto não me parece discutível.

Portanto, convenhamos: crescer num lar com dois pais ou duas mães é diferente de crescer com um pai e uma mãe (como o é crescer em famílias monoparentais, naturalmente!). A questão passa a ser então: mas será pior? A resposta fácil e politicamente correcta é "Não". Contudo, inúmeros estudos rebatem a no difference claim, vejam alguns exemplos aqui, aqui e aqui.
Mas descansem, pessoas iradas, porque, aparentemente, nem todos os homossexuais o almejam, tal como nem todas as crianças de casais homossexuais o recomendam, ainda que adorem os progenitores do mesmo sexo.

Penso que há muita hipocrisia no argumento de quem diga que o que importa é o amor e o afeto e o “querer” a criança (e não me venham acusar de insultar os gays, eu disse que o argumento era hipócrita, não as pessoas). Não só pelos estudos que o coprovam, mas em especial porque se cada um de nós pudesse escolher, escolheria sempre uma família dita tradicional para educar uma criança. Ora vejamos:

Entre um casal homossexual com a sua casa em Cascais e o seu Mercedes, e o casal heterossexual da casa da casa ao lado que tem um BMW, onde é que preferiam ter sido educados? Onde é que preferiam que os vossos filhos, se vos acontecesse alguma coisa (knock knock), fossem educados? O mesmo é válido para dois casais que vivam no bairro social, entre ter uma mãe e um pai versus duas mães nas mesmíssimas circunstâncias, não prefeririam a primeira hipótese?
Caetris paribusall else equal, não acredito que alguém com o mínimo de seriedade intelectual possa dizer em consciência que o ideal não é ter um pai e uma mãe, mas dois pais ou duas mães. 

Então, quando se dizem defensores da coadoção por homossexuais, estão a falar sempre em termos relativos: é melhor estar numa casa com dois gays que numa instituição; é melhor estar numa casa com dois gays que amam a criança que numa casa com um casal em que a criança é abusada ou maltratada. Isto é equivalente a preferir que a criança coma McDonalds a um banquete, se o banquete estiver envenenado! Se o banquete for “normal” e saudável, então aí é sempre melhor que a criança possa comer dali que do McDonalds, certo? 

Daí que surja a pergunta: queremos baixar a fasquia do que é o ideal adequado para as nossas crianças para o “mal menor”? E legislamos para permitir os males menores? Aparentemente, sim.


Sem comentários: