Vamos só pôr os pontos nos “i” para começar: eu não acho os homossexuais
menos pessoas que os heterossexuais. Acho que somos matéria do mesmo balde e acho que temos os mesmos desejos de felicidade. Somos iguais enquanto indivíduos.
Agora que isso
está assente: isso não significa que as nossas relações sejam iguais ou que devam ser tratadas de forma igual. Eu, que me casei numa
relação heterossexual e não sou infértil, vou ter um bebé. Ainda posso vir a ter mais um, dois, ou
os que sejam. E eles vão ter uma mãe, eu, que os ajuda a estudar e lhes dá
banho e veste as roupinhas que lhes comprou, e um pai, que as vai
ensinar a andar de bicicleta e lhes vai arrancar os dentes quando tiverem por
um fio, montar as caminhas que comprarmos no Ikea (ou na Area!) e levar as Estádio da Luz ver o Benfica jogar. Vão ter essa complementaridade
que as gerou, e vão crescer com os olhos postos nela.
Não é impossível
para os gays escolherem roupas (antes pelo
contrário!), nem para lésbicas montarem camas – mas é impossível serem duas figuras
autoritárias de dois sexos diferentes, tal como o é gerar bebés conjuntamente
(pormenorzinho sem importância). E isto não me parece discutível.
Portanto,
convenhamos: crescer num lar com dois pais ou duas mães é
diferente de crescer com um pai e uma mãe (como o é crescer em famílias monoparentais, naturalmente!). A questão passa a ser então: mas será pior? A resposta fácil e politicamente correcta é "Não". Contudo, inúmeros estudos rebatem a no difference claim, vejam alguns exemplos aqui,
aqui e aqui.
Mas descansem,
pessoas iradas, porque, aparentemente, nem todos os homossexuais o almejam, tal como nem todas as crianças de casais homossexuais o recomendam, ainda que adorem os progenitores do mesmo sexo.
Penso que há
muita hipocrisia no argumento de quem diga que o que importa é o amor e o afeto
e o “querer” a criança (e não me venham acusar de insultar os gays, eu
disse que o argumento era hipócrita, não as pessoas). Não só pelos estudos que o coprovam, mas em especial porque se cada um de nós pudesse
escolher, escolheria sempre uma família dita tradicional para educar uma
criança. Ora vejamos:
Entre um casal homossexual com a sua casa em Cascais e o seu
Mercedes, e o casal heterossexual da casa da casa ao lado que tem um BMW, onde
é que preferiam ter sido educados? Onde é que preferiam que os vossos filhos,
se vos acontecesse alguma coisa (knock knock), fossem educados? O mesmo é
válido para dois casais que vivam no bairro social, entre ter uma mãe e um pai
versus duas mães nas mesmíssimas circunstâncias, não prefeririam a primeira
hipótese?
Caetris paribus, all else equal, não acredito que alguém com o mínimo de seriedade intelectual possa dizer em consciência que o ideal não é ter um pai e uma mãe, mas dois pais ou duas mães.
Então, quando
se dizem defensores da coadoção por homossexuais, estão a falar sempre em termos relativos: é melhor estar numa casa com
dois gays que numa instituição; é melhor estar numa casa com dois gays que amam
a criança que numa casa com um casal em que a criança é abusada ou maltratada. Isto
é equivalente a preferir que a criança coma McDonalds a um banquete, se o banquete estiver envenenado! Se o banquete for “normal”
e saudável, então aí é sempre melhor que a criança possa comer dali que do
McDonalds, certo?
Daí que surja
a pergunta: queremos baixar a fasquia do que é o ideal adequado para as nossas
crianças para o “mal menor”? E legislamos para permitir os males menores? Aparentemente, sim.
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