sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Je Suis Tony (II)

 
Eu sei que já manifestei a minha opinião AQUI, por causa da notícia AQUI, mas fiquei com uma vontade louca de continuar a escrever sobre o tema.
Eu estudei (licenciatura) numa Faculdade conhecida pelo seu espirito revolucionário, pela esquerda que se bebia na esplanada e nas frases das paredes, foram tempos importantíssimos para mim, na qual orgulho-me muito do que aprendi. Nessa mesma faculdade existe o curso - forte - de Sociologia, eu estudei - em muitas cadeiras. Desde cedo percebi que os sociólogos gostam de fazer da raça humana um laboratório, um lugar de experiências, onde os investigadores/intelectuais olham para "nós homens e mulheres" como ratinhos brancos, vamos reagindo a estímulos (perdoem-me o preconceito e a falta de sensibilização à própria ciência, não quero sofrer ataques por parte dos sindicatos dos sociólogos). Muitas vezes, esses mesmos homens que se dizem contra ao elitismo, são os primeiros a criar uma barreia entre os intelectuais e o povo.
Conheço pouquíssimo do trabalho do Tony Carreira, fui só a um concerto dele e foi por acaso, aqui na minha terrinha, confesso que só consigo cantarolar uma das suas muitas musicas  (esta aqui) e mesmo assim só sei de cor uma frase da letra.
Não é o meu género, não é o meu gosto. Mas #JeSuisTony, porque este senhor traz consigo histórias de milhares de portugueses imigrados, histórias de gente humilde que deixaram as suas aldeias à procura de uma vida melhor, histórias de mãos inchadas, de empregadas domésticas, de operários, histórias de portugueses mal tratados, histórias de emigrantes, homens e mulheres com coragem.
Eu sou dos Açores, sei o que é a emigração, há mais açorianos fora das ilhas do que no arquipélago, sinto à minha volta a dor da partida, da saudade.
Estes sentimentos não fazem da musica do Tony melhor ou pior, mas saber que a musica do Tony aquece a alma a essa gente, fico feliz, sem preconceito, sem elitismo #JeSuisTony.
O facto é que foi atribuído ao Tony Carreira o grau d' Ordre des Arts et des Lettres, o comportamento do embaixador português não me compete a mim julgar, não sei os meandros da diplomacia, onde não faltam protocolos. Até acredito que Moraes Cabral quando come o seu ratatouille nos talheres aos estilo D. João V oiça a A Saudade de Ti.
 

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