Não sei como dizer isto. Não sei
como escrever sobre isto sem ser mal interpretada. Na verdade é um risco que se
corre quando se decide publicar o que nos passa pela cabeça. Não se trata de
dizer tudo da “boca para fora” sem pensar em quem está do outro lado (pelo
contrário, nunca apoiei a campanha “je suis charlie”). Mas não sei como dizer
isto.
Na maioria
das vezes aquilo que se pode chamar de “inspiração” surge-me nos acontecimentos
mais banais do meu dia-a-dia. Neste caso foi numa ida ao super-mercado.
Não sei como dizer isto mas cá
vai. E não me levem a peito.
Sou apoiante da maioria das
causas sociais. Com exceção de uma ou outra que vão totalmente contra os meus princípios, sou apoiante. Gosto de contribuir para o Banco Alimentar, de dar
esmola àquela velhinha do metro que faz flores em tricot e fazer voluntariado. Gosto
de me lembrar daquelas palavras: “eu não
acredito na esmola que não custa”.
Mas isto não se trata do que eu
faço. Talvez mais daquilo que eu não faço.
- É importante contribuir para a recolha de alimentos para animais no super-mercado mas não
somos capazes de dizer “bom dia” e sorrir à senhora que está na caixa. Principalmente
quando esta trabalha a um sábado.
- É importante dar a roupa que
já não usamos aos pobre mas não somos capazes de emprestar a que usamos às
nossas irmãs.
- É importante fazer doações
generosas mas não nos lembramos de prestar mais atenção àquele amigo que está
em baixo, ou de rezar por alguém com quem estejamos chateados.
- É importante fazer voluntariado mas não somos capazes de chegar a casa e pôr a mesa sem que nos tenham de pedir.
- É importante dar esmola mas
não pensamos duas vezes antes de deitar a comida que está no prato fora.
Repito: é importante. Não me interpretem mal. Mas às vezes para ajudar
não precisamos de ir além fronteiras. A única fronteira que temos de atravessar
é a nossa.
4 comentários:
acho quase impossível alguém interpretar mal...
concordo plenamente a maior barreira de doar somos nós e muitas vezes é mais fácil doar a uma imagem, a uma intituição, como sendo algo exterior do que percebermos que cada acto nosso é um acto de amor e doacção *****
Obrigada CM! Continue a passar por cá :) Beijinho!
Bem verdade, mas tão difícil de pôr em prática, de nos lembrarmos, às vezes... 😉
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