Há aquelas mulheres que, mal sabem que vão ter um jantar, uma festa ou qualquer outra ocasião especial, sabem perfeitamente aquilo que vão vestir, desde a cor das meias ao formato dos sapatos. Depois há também aquelas mulheres que, não tendo tantas certezas assim, vestem a primeira roupinha que vêem quando abrem o armário e, mais ou menos confiantes com tal vestimenta, seguem para a maquilhagem sem pensar em trocas. E depois há aquelas, como eu, que são as eternas indecisas. Inicialmente, têm uma ideia muito nebulosa daquilo que vão vestir, lembram-se daquele conjunto que foi elogiado e que podem repetir, mas nada de muito certo. Vestem a tal fatiota. Mas de todo que as convence. E então, como se tivessem todo o tempo do mundo, trocam, adaptam, pensam, tiram, põem, todo um conjunto de roupa que, uma vez excluído, se amontoa alegremente em cima de uma cama. Como se depois, quando a Cinderela sair para o seu encontro, aparecesse a madrinha da varinha mágica para arrumar tudo.
Talvez a leitora esteja a pensar que quem escreve deste lado tem uma vasta colecção de roupa, sapatos, acessórios, e afins. Nada mais errado. De facto, ainda que estranho, não é preciso que se tenha muita variedade para se criar uma tal confusão. A leitora pode também estar a pensar que quem escreve deste lado tem é tempo a mais. Nada mais errado, outra vez. Mas neste caso não tenho justificação.
Quais as razões para tantas indecisões? O facto de gostar de ter diferentes estilos. De um dia ser clássica, no dia seguinte moderna, no dia seguinte um misto dos dois. Um dia uso a teoria das duas cores ("Três cores já é cor a mais"), e no dia seguinte já a esqueci, e quero inovar, misturar cores que nunca pensei misturar, ser diferente (e ouvir alguém a perguntar: "Onde foi a tua teoria das duas cores?").
Após a revolução que se gerou no quarto, e já pronta para sair, olho uma última vez ao espelho. E, surpreendentemente pouco espantada, vejo que acabei por escolher precisamente aquele primeiro conjunto que me tinha passado pela cabeça. A confiança chega quando, ao sair, o Príncipe, sem saber de nada disto, diz à Cinderela que nunca a viu tão bonita. E ela responde-lhe, com o olhar mais confiante do mundo: "Vesti a primeira coisa que me apareceu".
4 comentários:
Love it!! Tal e qual!
Adorei este vosso post! E já sou fã #1..
Tal e qual!
Gosto muito! MUITO!
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