O que eu mais gosto dos filmes indianos são aquelas incríveis confusões e os absurdos cheios de cor e de paixão, uma espécie de surrealismo cultural. Por isso eu gosto de viver os filmes indianos.
O meu sábado foi mais ou menos assim, um intenso filme indiano mas com sotaque açoriano.
Era sábado, podia dar-me ao luxo logo de manhã ir subir o Monte Brasil (para quem não conhece: CLIQUE AQUI) e depois dar aquele mergulho na silveira (para quem não conhece: CLIQUE AQUI).
Era sábado, gosto daquele sossego de não ter horário e poder almoçar à hora do jantar.
Chego à Silveira, preparada para o tal mergulho, esperava-me o livro e o sol, mas quis o destino dar-me outros planos, viver um verdadeiro filme indiano, o argumento: tubarões; assaltos e pancadaria.
Quando saí do mar ouvi logo os gritos "tubarão, tubarão", percebi que não era uma brincadeira, o salva-vidas começa a apitar "saiam todos da água", os que não conseguiam chegar à costa meteram-se em cima das pedras, como estivessem a fugir dos touros, os mais corajosos saltaram para ir buscar as crianças e em segundos mudaram a bandeira para vermelho...
De repente ficamos em silêncio, todos debruçados na costa, todos queriam ver, todos olhavam para o mar, e lá apareceu uma sombra a rastejar no fundo, tinha o peito acinzentado ainda era pequeno mas era efetivamente um tubarão, um não 3.... deviam estar perdidos, estamos na época da desova dos tubarões, mas atrás de um tubarão pequeno há sempre uma mãe tubarão (diz a lenda).
Satisfizeram a curiosidade dos humanos, mostram as suas barbatanas e aquela cauda pontiaguda... nesse momento uma senhora do continente desabafa-me: "esta baía é tão bonita, se agora chega tubarões as pessoas deixam de cá vir." Achei que não conseguia explicar que nunca ninguém vai deixar de ir à Silveira e que os Tubarões fazem parte da vida "daqueles que se dividem" com o mar, limitei a responder: "isto é uma história para contar", continuou ela "pois dizem que não se passa nada aqui na ilha, estou a ver que já se passa alguma coisinha" disse-me toda contente, como se tivesse a viver um programa do BBC-Vida Selvagem. Pensei para mim, não se passa nada? De certeza que acabou de chegar.
Mas a história não fica por aqui....
Enquanto se via o Tubarão há um i-phone que é roubado, e num instante as atenções deixaram de ir para o mar, passaram para a cena de pancadaria, e como um rapazinho nunca vem só (diz a lenda), foi rápida a passagem para a cena seguinte respectivas famílias a discutir, mães, pais, tios e primas, o i-phone não aparece e a bandeira passou para verde, os tubarões deixaram-nos, viram que a nossa raça também é tramada e preferiaram o alto-mar.
E eu dei mais um mergulho, porque dar um mergulho antes do perigo não tem piada nenhuma!
Só faltou a dança típica de bollywood, mas estou feliz porque não paguei bilhete para este filme indiano.
2 comentários:
A tua ilha anda muito agitada, Margarida Benedita!!!
E tu serás muito bem-vinda Maria do Rosário.
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