Ontem fui ao Teatro Nacional D. Maria II, ver a peça "Condomínio de Rua", na qual: "Num movimento de introspeção, os seis atores do elenco do TNDM II colocam em palco a questão da falta do afeto e as suas consequências, permitindo-nos aperceber da complexidade da pobreza e da exclusão. "
Para mim ir ao Teatro é sempre fascinante, não há espectáculo que possa igualar-se ao de um palco, com actores "ao vivo", "em directo".
Esta peça a meu ver torna-se bastante realista, retrata como o próprio nome indica, um "Condomínio de rua": uma comunidade de sem abrigo, na qual os actores assumem personagens que vemos nas ruas de Lisboa, nas ruas de Portugal, e porque não dizê-lo, nas ruas do mundo. Há a esquizofrenia, o alcoolismo, a prostituição, a alusão à violência doméstica, ao stress pós-guerra, a toxicodependência. No meio de tudo isto, consegue o autor fazer um paralelo com o isolamento potenciado pelas redes sociais, com a necessidade imperativa que todos temos da tecnologia, colocando frases chave que fazem o espectador interrogar-se sobre a sua própria vida, sobre a sua dinâmica diária.
Este espectáculo teve a particularidade de ser seguido por um debate promovido pela Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar, com a presença do autor do texto e do Professor Daniel Sampaio. Iniciando o debate, o autor do texto - Nuno Costa Santos, chamava a atenção - e bem - para a importância de cada um de nós ajudar, no pouco, no seu bairro, na sua rua, no seu prédio. Falou sobre como é importante não desistirmos de ajudar as pessoas.
A pergunta que ecoou na minha mente, foi "E será que esse pequeno metro quadrado quer ser ajudado?", é uma pergunta provocatória, bem sei, mas espelha aquilo que penso e sinto muitas vezes: é muito importante ajudarmos os outros, sem dúvida, mas também é importante ajudar naquilo que os outros sentem que precisam de ajuda, e não muitas vezes naquilo que achamos que os outros precisam. É importante estarmos atentos às necessidades que os outros sentem, e não somente àquelas que nos parecem que sentem, no tempo que nos dá jeito e muitas vezes no que nos sobra...
Gostei da peça, longe de ser o melhor espectáculo que vi do encenador João Mota, o espectáculo conseguiu cumprir o seu objectivo principal, expresso pelo Encenador: colocar o espectador a pensar, agitar consciências. Eu fiquei a pensar...
Dica: Para quem não sabe à quinta feira é o dia do espectador, pelo que os bilhetes são bem mais baratos! para os interessados, vale a pena aproveitar as quintas! Mais informações aqui.
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