Dizem que somos mais de 1000 os Psicólogos que se inscreveram para aquele que vai ser o 1º Congresso da Ordem dos Psicólogos Portugueses. É já na próxima semana, no CCB, tem um programa extenso, variado, e eu estou com pena de não poder assistir a todas as mesas redondas, estar em todas as discussões de posters e ter o poder de me dividir pelas várias salas ao mesmo tempo.
Considerações impossíveis à parte, será bom reflectir sobre várias coisas... a 1ª, dizer que é muito bom que a minha profissão finalmente tenha uma ordem, esperando que de facto a Ordem venha corrigir a desordem instalada nos últimos anos. Com frequência se viam anúncios de "Psicólogo, Parapsicólogo e Cartomante" ou ainda "Psicóloga Mestre de Reiki". Com todo o respeito que merece todo e qualquer ser Humano, não posso esconder que "fervia" cada vez que lia qualquer coisa deste estilo. Desde que a Ordem foi criada, coincidência ou não, diminuiram substancialmente estes Doutores não se sabe bem do quê, mas que prometem mundos e fundos que a Psicologia não pratica.
Sobre a prática da Psicologia em Portugal muito haveria para dizer, e um post (ou vários) poderiam ser escritos sobre essa temática. No meu caso que sou Psicóloga Clínica, poderei afirmar, e só para dar uma pequena ideia a quem não é destas áreas, que só há processo terapêutico se o mesmo for livre, não coagido, se fizer sentido à pessoa, e se a mesma o entende como bom. O início de uma Psicoterapia pode ser uma mais valia na medida em que permite uma introspecção intensa, um confronto consigo próprio, e com o desenrolar do tempo com os mecanismos de defesa e o mais inconsciente em cada indivíduo. É um pouco isto que espero do Congresso, que me faça crescer como pessoa, que me ajude a ser melhor profissional, mais competente e atenta (ainda mais). Que me ajude a olhar para dentro de mim e perceber (ainda que enquanto profissional) o que posso fazer melhor, o que ainda não conhecia, e as coisas em que afinal estava errada.
2ª Consideração que gostava de fazer aqui incide no número de Psicólogos em Portugal, somos muitos MUITISSIMOS, é certo. Quando eu terminei o Curso, em 2003, recordo-me que existiam nessa altura 23 cursos de Psicologia em Portugal (palpita-me que nestes 9 anos este número terá aumentado). É certo que somos de várias valências, que a Psicologia tem várias áreas de actuação, mas ainda assim o número crescente de Psicólogos preocupa-me. Será que Portugal consegue suportar esta enorme quantidade de Psicólogos? Será que muitos nunca vão saber o que é trabalhar em Psicologia? Será que muitos (os clínicos) terão capacidade de lidar com o ser humano e com a sua saúde mental? Será que Portugal vai reconhecer a importância da Psicologia nos seus serviços estatais? Será que o Congresso vai debater estas questões objectivamente? Certamente que sim, e eu estou a contar que sejam 3 dias muito produtivos!
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